IGREJINHA, TRISTE COM SEUS FILHOS QUE NÃO A REENCONTRARAM NA NOITE DO REENCONTRO

Sou a mãe da religiosidade dessa Terra. Por aqui, e já por séculos, uma geração de ipuenses foram batizados, crismados, casados e recomendados ao Pai. Aqui também sobre os meus tijolos e tendo como testemunha minha arte barroca - ultimamente tão contemplada por historiadores, universitários e turistas - sacerdotes adormecem da vida terrena. 

O meu Cruzeiro afasta as pestes dos filhos ipuenses e sinaliza aos anjos que somos uma guarida segura e confortável para suas visitas ao serem invocados em vossas orações.

Fui mal tratada por anos. Estive doente. Muitos choraram com minha quase ruína. 

Fui reformada. Me deram Luz e passei a ser mais vista por meus filhos de Ipu. Terços, rosários, casamentos e até momentos de redenção entre os políticos andei recebendo.

Mas ontem chorei.........

Enquanto os filhos das gerações que cristianizei se reencontravam em minha frente, se regozijam, se jactavam, eu chorava. O tilintar e acordes aumentaram mais ainda minha tristeza e decepção.

Estou eu sem Luz, triste e apagada. Fiquei ao breu e bucólica.

Continuei a chorar...........

Governantes dessa Terra passaram sobre minha calçada na noite de ontem com seus convidados políticos de outras cúrias católicas. Escutei murmurinhos e por isso os reconheci, mas acho que eles não me perceberam. Melhor assim, pois me sentiria constrangida.

Continuei a chorar.....

Acordes, abraços, apertos de mão, discursos políticos.....e eu aqui na sarjeta, esquecida e soluçar com a minha  história.

Essa não foi a primeira vez, mas me senti desprezada ao extremo. Oh mártir Sebastião, não és só tu que fostes esquecido!

Continuei a chorar....e ainda estou chorando. 

Triste de um povo que não valoriza seu patrimônio cultural e religioso.