Alvo de muitas divergências dentro de grupos partidários que já comandaram o Ipu, a cooptação de adversários acabou virando uma praxe da “velha política” ipuense. Os comandantes do poder se sentem tentados na estratégia de fortalecimento político do seu grupo ao mesmo tempo que buscam utilizar a gestão pública para enfraquecer os opositores.
De janeiro até esse final de julho, são inúmeras as visualizações de adversários acomodados e/ou cooptados pela gestão Milena Damasceno (PT), gerando contestações e até insatisfações acentuadas em grande parte dos seus 14.519 votos do acirradíssimo pleito de 2024.
Esse cenário de supostas adesões políticas tem por base uma já antecipada disputa de poder entre vereadores e suplentes do grupo situacionista, os quais buscam acomodar pessoas próximas dos seus eleitores ou até adesistas de última hora já de olho em 2028. Para esse cenário tem contribuído o pouco conhecimento de uma cultura de históricas paixões partidárias – certamente não tão comuns em outras cidades interioranas – por parte de Milena e do seu marido e líder político Lindbergh Martins, fazendo o “casal da praia” ser complacente e não saber dar um não para muitas dessas precoces acomodações e até desnecessárias.
Mas em um Ipu que acabou de sair de uma eleição tensa e sendo a mais dura da sua história nos últimos trinta anos, não esquecendo que foi desbancado o poderoso clã Rufino que se encontrava há doze anos no poder, há que se perceber o terreno melindroso de se mimar adesistas e mostrar empoderamento em tempos de redes sociais com sua cultura de cancelamentos. O eleitorado, que se sente coparticipante da vitória sobre os Rufinos, passa a se sentir ultrajado com esse tipo de situação.
Desde ontem, 22/07, percorre nas redes sociais uma postagem do vereador Nonato Filho (PT) e do seu irmão e coordenador da campanha do Grupo Praia no pleito passado, o advogado Carlos Felipe, celebrando a adesão do empresário Gleison da Construtora G10. Nesse cenário, é natural que empresários e empreendedores sejam os mais fáceis de serem atraídos ao poder devido à necessidade de terem acesso mais fácil à burocracia municipal para destravarem seus negócios.
Embora o agora ex-Rufinista seja um empresário do ramo de construção que muito contribui com a geração de emprego na cidade e é reconhecido como um cidadão honrado na sociedade, o mesmo é (ou era) também identificado como um efusivo militante do candidato Sérgio Rufino (PSB) e do Vereador Moreira Filho (PSB). Nas redes sociais, embora curiosamente algumas páginas tenham recebido alguma “ordem superior” para retirarem os comentários, notou-se uma “onda praiana” de contestações por parte de eleitores em relação à adesão postada pelo edil Nonato reconhecido como o vereador com mais poder de influência dentro da gestão. Fotos pretenciosas como essa, causam mais desconforto e desconfiança do que empolgação na fiel militância.
Ainda não estamos em ano eleitoral e os políticos precisam ter mais empatia com o eleitorado do seu grupo e terem a perspicácia que, em tempos de redes socais, têm sempre que se medir os efeitos colaterais. Não se pode sentar em cima de sua votação e ficar olhando para os lados e para cima, esquecendo dos que lhe fizeram subir ao topo.
Por fim, quanto a quem postou, sobrou exacerbação em tom eleitoral e em muito faltou parcimônia.