1990: MARCELO CARLOS É ELEITO DEPUTADO ESTADUAL

Em 1990 o Ceará se preparava para mais uma eleição governamental e legislativa. Tasso Jereissati, que havia deixado o PMDB e fundara o PSDB no Ceará, fazia um governo inovador marcado pela austeridade fiscal e com investimentos em infra-estrutura e no turismo. Como ainda não existia reeleição para o Executivo, Tasso lançara como candidato à sua sucessão o então Prefeito de Fortaleza e seu fiel escudeiro Ciro Gomes. Paulo Lustosa (PMDB) seria o candidato da enfraquecida oposição, tendo como vice a senhora Luiza Távora(PDS) esposa do ex-governador Coronel Virgílio Távora.
No Ipu, Milton Pereira, chefe do Executivo e líder da facção Morais, apoiava o candidato Ciro Gomes(PSDB) e retribuía assim o apoio decisivo dado por Tasso a ele na eleição para Prefeito de 1988. Zezé Carlos por sua vez, apesar de derrotado em 1988 em sua primeira tentativa de se tornar prefeito, se mantinha na política liderando a facção Rocha Aguiar e apoiava Paulo Lustosa para governador. O empresário da Vipu buscava também se fortalecer para a eleição municipal de 1992, ao lançar como candidato a Deputado Estadual seu filho Marcelo Carlos.
O Deputado Gomes Farias (PSDB) seria o candidato oficial do paço municipal com o apoio do seu primo Milton Pereira. Padre Zé Linhares, candidatoa Deputado Federal, fez a famosa “dobradinha eleitoral” com o ipuense Farias. Marcelo Carlos era candidato pelo PTB e tinha como parceiro o candidato a Deputado Federal Uirandé Borges.
Além de dois candidatos ipuenses à Assembléia Legislativa, as eleições de 1990 inaugurariam a utilização do rádio como veículo de promoção eleitoral na cidade. Gomes Farias havia fundado em agosto de 1989 a Rádio Iracema de Ipu.
Foi um pleito agitado e marcado por diversas intervenções do poder judiciário através do rigoroso Juiz Paulo Timbó. O chefe do poder judiciário implicitamente participara do jogo político pedindo votos para seu irmão Pedro Timbó o qual era candidato a Deputado Estadual. Muitos candidatos pára-quedistas apareceram. Marcone Borges, então presidente do Ceará Sport Clube, usou abertamente seu poder financeiro para fisgar votos dos ipuenses. Francisco Aguiar, sobrinho do ex-prefeito Rocha Aguiar, não repetiu a boa votação de 1986 pois a maioria dos vereadores da facção política do seu tio estavam apoiando Marcelo Carlos.
Porém o fato mais chamativo daquela campanha foi o comício de Paulo Lustosa, realizado em Ipu em um sol escaldante do meio-dia em frente ao Banco do Brasil em um dia de feira. No mesmo palanque estavam antagonicamente, em uma dessas momentâneas e típicas descaracterizações das facções políticas ipuenses, o Padre Morais e o líder político Zezé Carlos. Na ocasião o religioso, incontestavelmente um dos maiores oradores da Terra de Iracema, professou um eloquente discurso denunciando o descaso do “Governo das Mudanças” de Tasso Jereissati para com o homem do campo.
As urnas foram abertas e duas grandes surpresas surgiram. Paulo Lustosa vencera nas urnas de Ipu, apesar de uma margem apertada de pouco mais de cem votos, o candidato governamental Ciro Gomes. Isso chamou os holofotes políticos para o Ipu, pois era junto a Pires Ferreira as únicas cidades da região norte que o candidato de Tasso fora derrotado. Isso se deveu a dois fatores: o desgaste político de Milton Pereira que não conseguia repetir uma boa administração como a que tinha feito em sua primeira passagem pela prefeitura, como também a coesão política feita por Zezé Carlos.
A outra grande surpresa foi à eleição de Marcelo Carlos com minguados 10.017 votos. O jovem empresário fora astutamente candidato pelo PTB, partido este pequeno e de baixa legenda o que em muito facilitou sua eleição como Deputado Estadual.
O radialista ipuense Gomes Farias foi o mais votado em Ipu, mas não conseguiu ser reeleito. Milton Pereira e a facção Morais - como já percebemos, sem o próprio Padre Morais apesar de seu poder político ser nos anos 90 mais simbólico que prático- saíram enfraquecidas para o pleito de 1992. Zezé Carlos colheu assim os louros das vitórias e ganhava força como candidato novamente a prefeito.