sábado, março 04, 2017

MARCELO ODEBRECHT CONFIRMA TER DOADO R$ 150 MILHÕES À CHAPA DILMA-TEMER EM 2014

Revista Veja dessa semana dá ampla cobertura a delação

O empresário Marcelo Odebrecht disse ter doado R$ 150 milhões à chapa Dilma-Temer na eleição de 2014. Ele não precisou quanto desse valor foi de caixa dois ou propina. Parte desse valor foi contrapartida pela aprovação da medida provisória do Refis, que beneficiou o grupo.
O ex-presidente da Odebrecht também confirmou um encontro com Temer para tratar de doações para o PMDB, mas disse não ter discutido valores com o então vice-presidente.
Odebrecht também relatou repasses ao senador Aécio Neves (PSDB), mas não esclareceu se a origem do dinheiro foi caixa um ou caixa dois.
As declarações foram feitas em depoimento ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) nesta quarta-feira (1º), na ação que pede a cassação da chapa Dilma-Temer. Embora o depoimento seja sigiloso, a TV Globo confirmou o conteúdo das declarações com diversas fontes.

Veja os principais pontos das declarações:
- Empresário diz ter pago R$ 150 milhões à chapa Dilma-Temer em 2014
- Parte foi pago no exterior a João Santana, marqueteiro do PT. Dilma sabia.
- R$ 50 milhões foram contrapartida por MP benéfica ao grupo, acertada com o ex-ministro Mantega
- Empresário confirma reunião em 2014 com Temer sobre doação ao PMDB, mas nega ter tratado de valores com o então vice-presidente

A audiência de Marcelo Odebrecht ocorreu na tarde de quarta-feira (1º) na sede do Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR), em Curitiba, e terminou por volta das 18h30. O conteúdo do depoimento será mantido sob sigilo.
O empresário, que está preso na carceram da PF em Curitiba, foi ouvido como testemunha nas ações que tramitam no tribunal pedindo a cassação da chapa Dilma-Temer suposto abuso de poder político e econômico na eleição presidencial de 2014.
Marcelo Odebrecht afirmou que parte dos R$ 150 milhões repassados à chapa Dilma-Temer em 2014 foi paga no exterior a João Santana, marqueteiro do PT, com conhecimento de Dilma.

A Operação Lava Jato havia identificado pagamentos ilegais de cerca de R$ 22,5 milhões da Odebrecht a João Santana e à mulher dele, Mônica Moura, entre outubro de 2014 e maio de 2015. O coordenador da força-tarefa, Deltan Dallagnol, afirma que esses valores eram parte da propina que deveria ser paga pela empresa ao PT.
Odebrecht contou que o PT não precisou usar o valor da contrapartida na campanha de 2010 e cobrou a propina para a campanha de Dilma, de 2014.
O empresário confirmou ter participado de um jantar com o então vice-presidente Michel Temer em 2014, onde tratou de doações para o PMDB. Odebrecht, entretanto, disse não ter tratado de valores com Temer, e que acredita que os valores foram discutidos entre o ex-vice-presidente de Relações Institucionais da empreiteira Claudio Mello Filho e o atual ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha.
Em delação, Mello Filho relatou ao Ministério Público Federal (MPF) que o presidente Michel Temer pediu R$ 10 milhões a Marcelo Odebrecht. O acerto, segundo o ex-executivo, foi feito em um jantar em 2014 do qual participaram ele, Odebrecht, Temer e Padilha.

Parte do valor destinado ao PMDB, diz Mello Filho, foi repassado via Padilha no escritório de José Yunes, ex-assessor de Temer. Yunes confirma ter recebido um "pacote" do qual desconhece o conteúdo, e alega ter sido uma "mula involuntária" de Padilha.
Quando a delação de Mello Filho veio à tona, em dezembro do ano passado, o Palácio do Planalto disse que Temer "repudia com veemência" as afirmações de Mello Filho, e que todas as doações da Odebrecht ao PMDB foram declaradas ao TSE.
No depoimento de quarta-feira, Marcelo Odebrecht afirmou ainda à Justiça Eleitoral que a empreiteira também doou dinheiro para Aécio Neves (PSDB), Marina Silva (então no PSB) e Eduardo Campos (PSB), que participaram da campanha presidencial de 2014. O ex-presidente da empreiteira não esclareceu se os pagamentos foram feitos via caixa 1 ou 2.
Sobre os repasses a Aécio, Odebrecht disse que o tucano pediu R$ 15 milhões no fim do primeiro turno das eleições. O executivo informou que não poderia fazer o repasse. Aécio, então, sugeriu que os R$ 15 milhões fossem repassados a aliados.
Odebrecht disse, no depoimento, que concordou e que o pagamento foi acertado entre o delator Sérgio Neves, ex-diretor da Odebrecht, e o empresário Osvaldo Borges, apontado como operador de Aécio.  As perguntas sobre o assunto foram feitas por um advogado de Dilma.
Os valores repassados a Eduardo Campos e Marina Silva não foram especificados mas, segundo o ex-presidente da empreiteira, foram menores.
Novos depoimentos
O depoimento de Marcelo Odebrecht foi determinado pelo ministro Herman Benjamin, relator do processo de cassação da chapa Dilma-Temer no TSE.
A expectativa é que o empreiteiro possa ter informações relevantes para as ações sobre ocaso, apresentadas pelo PSDB. Nelas, o partido aponta uma série de irregularidades, entre elas o financiamento ilegal por empresas investigadas na Operação Lava Jato.
Além de Marcelo Odebrecht, outros quatro executivos da companhia devem ser ouvidos a pedido do TSE. Nesta quinta-feira (2), prestam depoimento Benedicto Barbosa da Silva Junior e Fernando Reis, no Rio de Janeiro. Cláudio Melo Filho e Alexandrino de Salles Ramos devem depor na segunda-feira (6) em Brasília.
Fonte G1

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