quarta-feira, julho 31, 2019

A ASCENSÃO DOS FERREIRA GOMES AO COMANDO DE SOBRAL

Cid Gomes

Fazendo valer a frase do escritor Lustosa da Costa de que “Sobral é uma terra de cenas fortes”, o ano de 1994 seria marcado por uma grave crise política com constantes mudanças de prefeito em meio a ações impetradas na justiça e tensas sessões no legislativo local. A gestão de Ricardo Barreto foi alvo de denúncias de corrupção vindas especialmente da Câmara Municipal, sendo o advogado e vereador Clodoveu Arruda um dos líderes dessa empreitada. A oposição a Ricardo Barreto se fortalecia com a aliança do Vice-Prefeito Aldenor Façanha Júnior com os irmãos Ferreira Gomes, não esquecendo de uma intensa campanha radiofônica contra e a favor do gestor que agitava a cidade. Por vários meses em meio às querelas judiciais nos tribunais, a cidade amanhecia com um prefeito e anoitecia com outro. Ricardo foi afastado do cargo pelos Vereadores da Câmara Municipal e Aldenor Junior concluiria o seu mandato até dezembro de 1996. 
Atribui-se a queda do Dr. Ricardo, considerando os vícios de membros do Poder Legislativo local e os equívocos do Poder Judiciário ainda fortemente lamentáveis e suscetíveis as influências políticas à época, muito mais pela influência dos Ferreira Gomes junto as órbitas governamentais e municipais, e bem menos pelas ações de improbidade administrativa em seus menos de dois anos de gestão. Correligionários do prefeito afastado acusavam o governador Ciro Gomes de ter montado no Palácio do Cambeba um QG com ações articuladas para tirar o poder do seu inimigo político em Sobral.    
Anos depois, a Justiça absolveu Ricardo Barreto. O Vereador Zezão (José Crisóstomo Barroso Ibiapina), personagem do legislativo também da época, também admitiu em uma sessão da Câmara que aquela querela ocorrida há mais de 25 anos atrás tinha sido todo “um esquema” armado e que ele – colocando uma mea-culpa – se arrependia de ter participado. A polêmica e corajosa declaração de Zezão - (testemunha ocular dos episódios e bastidores) em tribuna em uma sessão não foi contestada, inclusive por vários edis presentes e que também eram vereadores no biênio 1993-1994.  


Nas eleições de 1996, o Deputado Estadual Cid Gomes (PSDB) seria o candidato situacionista com o apoio do prefeito Aldenor Júnior e do governador Tasso Jereissati (PSDB) que tinha voltado ao cargo para um novo mandato. Ciro Gomes, por sua vez, após uma rápida passagem pelo Ministério da Fazenda durante a implantação do Plano Real em 1994 no governo do presidente Itamar Franco, era agora - mais do que antes em meio a uma projeção nacional que o habilitava como candidato a presidência - o grande cabo eleitoral do irmão. A implantação da Fábrica de calçados Grendene, a qual projetava mais de 20.000 empregos diretos e articulada por Ciro quando governador, era um sinal de uma proposta de gestão inovadora que faria de Sobral um polo de progresso interiorano. Cid teria como Vice Edilson Aragão do PT, numa bizarra demonstração que os teóricos e sempre contraditórios seguidores de Lula em Sobral beijavam “o altar” do PSDB para chegarem ao “santo” que era o estar no poder. 
Mas quem seria o candidato da oposição? 

Os Barretos e os Prados, enfraquecidos já sem o suporte do poder político estadual e também devido a uma nítida falta de renovação familiar consistente em seus quadros, não tinham mais forças para um embate eleitoral competitivo. Tomás Figueiredo, prefeito de Santa Quitéria e que tinha origem familiar em Sobral, lançou sua esposa, a Deputada Cândida Figueiredo (PDT), como candidata aproveitando o vácuo das oposições na terra de Dom José. O jovem Marcos Prado (PFL), por sua vez, filho de José Prado, faria uma candidatura - a primeira de várias outras em anos posteriores - vista para muitos com desconfiança, pois suas pretensões colaborariam para a desidratação da candidatura de Cândida (PDT) e do seu vice, o Padre José Linhares (PRB). 
Ao final, Cid seria eleito com estrondosos 63,9% dos votos. Os filhos do Dr. José Euclides Ferreira Gomes tendo sempre o seu filho primogênito como o articulador-mor iniciariam uma nova etapa na História política de Sobral. No epicentro desse processo está, indiscutivelmente, o poder dado por Tasso Jereissati a partir do final da década de 1980 aos seus aliados sobralenses.  


Texto escrito pelo Professor Kleber Teixeira Santos - 
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