sábado, setembro 10, 2022

O QUE EXPLICA A QUEDA TÃO GRANDE DE ROBERTO CLÁUDIO NA PESQUISA IPEC?

(ÉRICO FIRMO - O POVO) - De uma semana para outra, a candidatura de Roberto Cláudio (PDT) a governador do Ceará caiu 7 pontos percentuais na pesquisa Ipec. É muita coisa, um baque considerável numa eleição muito disputada, em espaço muito curto. Motivo para crise.

Roberto Cláudio estava tecnicamente empatado com o primeiro colocado, Capitão Wagner (União Brasil) e uma semana passada está tecnicamente empatado em segundo lugar, um ponto atrás de Elmano Freitas (PT). Como explicar a mudança?

Bem, tem sido uma semana quente, com aumento do embate entre as campanhas de PDT e PT, com acusações feitas por Roberto Cláudio de uso da máquina do Estado em prol de Elmano, chegando à governadora Izolda Cela (PDT). Quando um candidato bate, ele aumenta a rejeição. Mas, a rejeição a Roberto Cláudio oscilou para baixo dois pontos. Será que foi o novo tom de campanha que minou Roberto Cláudio? E Elmano cresceu com isso?

Pode ser. Entretanto, talvez a resposta não esteja nesta pesquisa, mas na anterior. Vou lembrar o que escrevi quando saiu a primeira pesquisa do instituto no Estado: "(...) o Ipec mostra uma direção que destoa do que indicavam outros institutos." Primeiro ponto é esse: os números da semana passada eram contraditórios com os de outras pesquisas.

E o que indicavam outras pesquisas? Escrevi na ocasião: "Indicava-se Wagner muito provavelmente no segundo turno, Elmano numa caminhada célere rumo à segunda vaga e Roberto Cláudio com uma candidatura em crise."

O que mostrava o Ipec anterior? Wagner e Roberto Cláudio tecnicamente empatados e Elmano bem atrás. Diante dos contrastes, eu comentei o seguinte: "Pesquisas futuras mostrarão o que pode ser, e o que talvez não seja."

Onde quero chegar? Pode ser que a pesquisa da semana passada tenha refletido com exatidão o que vinha ocorrendo na campanha naquele momento. O mesmo pode ter ocorrido na pesquisa de ontem. Se foi assim, houve realmente uma oscilação alarmante para Roberto Cláudio.

Porém, há uma coisa que sempre repito: pesquisas erram. Mesmo dos maiores e melhores institutos. Há margem de erro e um intervalo de confiança que prevê a possibilidade de erro até fora da margem.

Não estou dizendo que alguma das pesquisas estava errada, do Ipec ou de outros institutos. Todavia, ao levar em conta o quanto a pesquisa Ipec da semana passada era diferente de números que saíram por aqueles dias em outros institutos, parece-me improvável que o cenário naquele momento fosse diferente do de outros institutos, e depois acabasse se aproximando deles. O Ipec antes trazia algo diferente, e agora se aproximou.

É provável que outros vários institutos apontassem um cenário que, conforme o Ipec, não havia naquele momento, mas que agora existe?

São metodologias diferentes, datas diferentes. Mas, o objetivo, no fim das contas, é aferir a mesma coisa.

É possível, então, que Roberto Cláudio não tenha na verdade caído tão rápido, mas que talvez não estivesse com percentual tão alto quanto aparecia a princípio na semana passada. É uma possibilidade.

Para o candidato, uma coisa é tão ruim quanto a outra, se ele caiu ou se ele já estava embaixo. Porém, se houve queda nessa velocidade, é pior. Pela tendência.

De todo modo, vou repetir outra coisa que escrevi na semana passada: "Em cenários tão complexos e divergentes, uma ou mesmo duas pesquisas de uma série são pouco para perceber tendências. A análise demanda calma, frieza e cautela na observação dos movimentos que as pesquisas indicarem."

Para o começo da próxima semana, estão previstas quatro pesquisas, entre elas do Ipespe, contratada pelo O POVO. Pode ser que elas ajudem a entender melhor o cenário no Ceará — ou confundir mais ainda.

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