domingo, maio 24, 2015

E eu pensava que não tinha Lágrimas.....

Eu não gosto de escrever essas coisas por aqui, mas essa minha quase maturidade tem me causado umas percepções outrora não muito comuns, mas.....
Hoje(23), por volta das 18h, fui a uma mercearia perto de minha casa fazer uma compra rotineira daquelas casuais de final de semana quando estou no Ipu na casa de meus pais.
Ao chegar ao comércio me deparei com uma garotinha de uns, talvez, 10 anos, chorando copiosamente ao balcão dizendo: "Ôh Seu Sales, não faz isso comigo não, minha mãe vai me bater mais ainda". Tentei ignorar aquilo, mas a garota com seus cabelos crespos, olhar de uma santa pureza infantil, com um rosto inchado e desesperado lacrimejava e sussurrava: "Por favor, por favor..eu só recebi isso de troco do senhor..." disse mostrando suas mãozinhas trêmulas com moedas e cédulas amarrotadas.

Vi as lágrimas e senti algo estranho na sonoridade naquela voz fininha. Era um pranto absolutamente incapaz de ser encenado. 
Não sei se por ser pai, mas parei tudo como se a minha vida entrasse em uma pause repentina. Aquele impasse fez meu agitado mundo deixar de girar. Percebi que a garota tinha feito uma compra e chegara em casa com o troco errado: faltavam dez reais. A garotinha que reside em um conjunto de casas populares, implorava para que Sales lhe desse "o troco correto".
O comerciante tentava dialogar e justificar com a menina, mas seu desespero aumentava mais ainda. Eu até pensei em intermediar a questão e tentar conduzir a garotinha para sua casa. Ela, que já se encontrava com um irmãozinho seu que piscava também angustiado devido o "troco errado", pulava e as lágrimas afloravam mais ainda.
Sales, independente ou não dela ter perdido o troco no caminho da rua em que mora, resolveu financeiramente a querela. Ela voltou para casa, aliviada talvez com a certeza que só seria agora repreendida no verbo. O dono do comércio, acredito eu, que na dúvida de um erro, sentenciou que ela não poderia ser penalizada. Fitei-a descendo a ruela e fui tomado de uma emoção. Não contive o que alma exala pelos olhos, pois aquele era um final quase feliz.
Essa história pode ser boba para você, mas a criança a qual não sei nem se quer qual seu nome, me fez refletir o quanto os seres puros podem sofrer com nossas ações ora estúpidas, insensíveis e/ou incompreensíveis.

À ela.....obrigado por me "emprestar" suas lágrimas e me fazer sentir humano nesse nosso cotidiano tão formal, protocolista e mecanizado.

Um comentário:

Anônimo disse...

Até que enfim uma matéria legal de ser ver no deu blog kt