PREFEITURA DE IPU CONTRATA SERVIÇOS DIGITAIS PARA A EDUCAÇÃO MUNICIPAL NO VALOR DE 1,7 MILHÕES DE REAIS

A educação pública-municipal ipuense vive um momento contraditório de pujança de recursos financeiros e, ao mesmo tempo, de ausência de inovações pedagógicas, sem adaptação das escolas para as já previsíveis aulas hibridas e de uma total falta de valorização dos seus profissionais em tempos do desafiador ensino remoto. Esse cenário, observando a imprescindível formação escolar, colocou e coloca o futuro pedagógico de milhares de crianças e adolescentes ipuenses em uma realidade de incertezas no processo de ensino-aprendizagem, o qual existiu ao longo do ano de 2020 e que ainda seguiu sem um olhar prioritário da gestão municipal. Paga-se o preço da falta de um planejamento mais incisivo que não foi feito no passado, pois, infelizmente, as energias políticas do então prefeito Sérgio Rufino (PCdoB) foram canalizadas para a eleição de um sucessor, ficando a educação para um segundo plano e a reboque das decisões (ou seria indecisões?) da Secretaria de Educação do Estado.

Nesse “novo normal” de pandemia, enquanto a Prefeitura economizava com os gastos de material didático, merenda escolar e combustíveis, a comunidade escolar ficou órfã de ações consistentes dos seus agentes públicos em postos de comando. A ação pedagógica só não foi e está à deriva por completo, por que existem, em maioria, reconhecidos professores (as) do município, vocacionados e comprometidos que deram e continuam dando o máximo de si para amenizar os efeitos das dificuldades técnicas de conectividade que se refletem na preocupante evasão escolar.

Mas eis que nesse imbróglio, o Prefeito Robério Rufino (PCdoB) está contratando a empresa MAIS DIGITAL SERVIÇOS GRÁFICOS E DIGITAIS Ltda, para que a mesma, a qual venceu um recente processo licitatório junto a Prefeitura de Ipu, promova a locação de uma Plataforma Educacional com Conteúdos Didáticos e Recursos Tecnológicos Direcionados à Educação Infantil, Ensino Fundamental I e II e EJA, Contendo Vídeo - Aulas, Testes On Line, Atividades Remotas para Acesso de Alunos e Professores com Fornecimento de Material de Apoio para Implementação de Ensino Híbrido/Remoto na Rede Municipal de Ipu. 

É DIREITO DO CIDADÃO-CONTRIBUINTE QUESTIONAR.

Estranhamente, essa empresa está sendo contratada em um momento em que o ano escolar já começou e soa também aloprado o montante que será gasto com o dinheiro dos ipuenses: R$ 1.743.000,00 (um milhão setecentos e quarenta e três mil reais). E quanto a valorização dos professores(as) e a aquisição de equipamentos para o alunado? E os municípios vizinhos está também fazendo esse gordo investimento com os recursos públicos? Por que esses recursos (ou partes deles) não poderiam serem direcionados para promoverem um merecido Rateio do FUNDEB para os nossos Professores?

E a estruturação da Rede Escolar do Município para as aulas hibridas já permitidas dede outubro de 2020, por que não aconteceu? Isso deveria ter sido planejado antecipadamente e com extrema a prioridade.

Mesmo percebendo que a gestão liderada pela Família Rufino está nitidamente querendo "trocar o pneu do carro (da educação) com ele andando", vou tentar acreditar que essa expressiva bagatela irá transformar a nossa educação pública-municipal de Ipu em uma referência nacional em termos de plataformas virtuais. 

OS DESAFIOS DE PROFESSORES, PAIS E ALUNOS.

A Prefeitura de Ipu com sua Secretaria de Educação, passou o ano de 2020 sem dar um consistente suporte operacional, estrutural e financeiro aos seus professores. A maioria destes profissionais, tiveram que investir do próprio bolso para comprarem melhores aparelhos celulares e/ou computadores, bem como ampliar sua internet doméstica como forma de otimizarem suas aulas virtuais. Muitos destes tiveram que da noite para o dia e sem nenhum treinamento oficial dado pela Seduc de Ipu, adentrarem em um mundo virtual de trabalho desafiador e repleto de incertezas. 

E nessa via de mão dupla que é a aprendizagem, há que se expor aqui a outra complicada realidade que envolve alunos da rede pública com seus pais, pois estes são, em sua grande maioria, pessoas carentes e vítimas da exclusão digital que ainda assola esse país. 

Ao conversarmos com diversas professoras que ficam na ponta da corda da educação, ou seja, que estão em “sala de aula”, as mesmas explicitam uma situação angustiante. “As crianças não tem acesso à internet e quando têm a qualidade nem sempre é favorável”, assim ouvimos de profissionais lotadas em escolas urbanas: Imaginem só esse cenário em áreas rurais distantes da serra e do sertão! Outro ponto que se percebe através do testemunho desses educadores é que o seu alunado, em sua maioria, não tem a sua disposição celulares de qualidade para as vídeo-aulas, muito menos computares de mesa, notebooks e/ou tablet.  

Plataformas modernas e gratuitas de transmissão de aulas remotas como o Google-Meet e o Zoom, as quais estão sendo utilizadas com sucesso pelo rede particular em todo país, exigem uma internet razoável e celulares ou computadores com boa capacidade de processamento e armazenamento de dados. Professores do Infantil e do Fundamental II, tiveram que se submeter ao Whatsap como forma mais prática de enviar tarefas e enviar vídeo-aulas para para os seus alunos.