terça-feira, dezembro 15, 2020

OS SIGNIFICADOS E PERSPECTIVAS APÓS A DERROTA DE DIEGO CARLOS EM 2020


Hoje completam 30 dias após a última eleição para prefeito de Ipu. E uma pergunta que não quer calar: Qual será o comportamento político do teórico líder de votos da oposição Diego Carlos? Vai fazer diferente dos últimos pleitos que protagonizou e ter uma agenda mais presente no cotidiano dos ipuenses? Será proativo nas articulações políticas junto a oposição? Ou, mais uma vez, só reaparecerá nas próximas eleições? 

O INÍCIO MAMBEMBE

Sabe-se que a candidatura de Diego pelo PDT só foi encorpada nos últimos dias do prazo final para as convenções partidárias, a qual seria em 16 de setembro numa quarta-feira. Antes disso, sua pré-candidatura que só se iniciou no final de julho, soava em tom amador, com poucas movimentações, tentativas de montar de última hora um programa de rádio e vendo seu grupo político desidratado e dividido em relação a sua competitiva eleição de 2016 quando perdeu para um já poderoso Sérgio Rufino, o qual já tentava a reeleição, por apenas 6,8% dos votos. Em meio as dificuldades, o mesmo garantia aos propensos postulantes de sua sigla a vereador que só entraria dessa vez “se fosse para ganhar”. Uma  testemunha ocular dos bastidores da campanha nos confessou: "É dele mesmo; Diego é muito desligado", "anda mal assessorado com pessoas que não entendem nada de campanha" e "se não fosse as pessoas voluntárias ajudando, nem evento político ele teria". 

AS INDEFINIÇÕES NAS ÚLTIMAS 48 HORAS ANTES DA CONVENÇÃO

Havia uma expectativa forte dentro do grupo de situação de que Diego fosse o Vice da chapa dos Rufinos, em meio a uma aliança de partidos governistas, PCdoB-PDT, com as bênçãos do Senador Cid Gomes. O prefeito Sergio Rufino (PCdoB) trabalhou nos últimos anos a cooptação de várias lideranças de oposição próxima aos Carlos para facilitar a aliança com o filho da ex-prefeita Toinha com vistas ao pleito municipal de 2020.

Enquanto o pré-candidato do PDT se reunia com caciques partidários nos gabinetes políticos de Fortaleza, no Ipu os boatos tomavam conta das ruas e redes sociais de que uma aliança dos Carlos com os Rufinos estaria sendo consolidada.  Correligionários dos Irmãos Rufinos e setores da mídia do seu grupo, já davam como certo que Diego voltaria da capital cearense como companheiro de chapa do candidato do PCdoB dos Irmãos Rufinos. Enquanto isso, desde a noite do dia 14, os pré-candidatos a vereador e correligionários pedetistas viviam momentos de angústia e expressavam a insegurança em grupos de Whatsap. 

A demora de um pronunciamento oficial de Diego, sedimentavam a desconfiança de uma possível decisão que contrariasse o eleitor de oposição. Algumas lideranças e influenciadores em redes sociais, diziam que jamais ele iria aderir a Família e Rufino e que, no máximo, poderia desistir da candidatura. 

A apreensão dos pedetistas ipuenses e fiéis correligionários do grupo Carlos/Rocha Aguiar só foi dissipada na noite do dia 15, após Diego Carlos divulgar um vídeo ao lado do seu padrinho político, Deputado Sergio Aguiar (PDT), confirmando sua candidatura e convidando os munícipes para a sua convenção na noite seguinte. 

DEFESA DO CAPITAL POLÍTICO 

Em síntese: a candidatura de Diego Carlos foi uma forma dele e sua mãe, Toinha, ao lado do Deputado Estadual Sergio Aguiar, manterem seu capital eleitoral em Ipu vivo para outras eleições e conchavos políticos. A tese defendida por Aguiar naqueles negociativos dias 14 e 15, venceu: não se podia deixar os votos de oposição (anti-Rufino) migrarem através do famoso efeito manada para a dupla de candidatos do PROS, Carlos Eduardo (Dr.Cadú) com seu vice Hélio Lopes. Outra realidade era que o PDT também buscava evitar o fortalecimento do candidato Flávio Alves (PDT) que era apoiado pelo ex-prefeito Sávio Pontes.  

A TERCEIRA DERROTA

Superadas essas indecisões, lá se foi o filho da grande líder vitorioso Zezé Carlos para uma terceira candidatura a prefeito de Ipu totalmente desarticulada, sem lideranças políticas consistentes lhe apoiando, sem estrutura econômica e desprovida de articulação política – não esqueçam que o vice (o odontólogo Júnior) da chapa foi um quase desconhecido amigo pessoal de Diego que coincidentemente estava filiado ao PDT. 

É inegável que a candidatura de Diego Carlos foi uma ação despretensiosa em termos de vitória. Um político ausente, sem discurso de oposição que se contrapusesse aos possíveis erros e omissões dos oito anos de gestão municipal e, em especial, sem logística de campanha, acabou sendo decisivo para Sérgio Rufino impor um dos seus sobrinhos (Robério Rufino) como candidato para dar continuidade ao seu comando político em Ipu.

Naturalmente, a candidatura de Diego Carlos foi se fortalecendo muito mais pelo ativismo político do empolgado eleitor de oposição, do que propriamente por uma consistente estratégia vitoriosa de campanha. "O voto útil" dentro da oposição foi travando as candidaturas também oposicionistas de Dr.Cadú (PROS) e Flávio Alves (PSD). Esse último até desistiu de sua candidatura ao Executivo e junto com todos os outros candidatos do PSD ao Legislativo, abandonaram o ex-prefeito Sávio Pontes, declarando apoio ao "12". 

O FIM DO APADRINHAMENTO DE SÁVIO PONTES

Diferentemente do que acontecera em 2012 e 2016 nas derrotas para o Clã dos Rufinos, essa foi a primeira eleição que Diego Carlos partiu sem a base de articulação do ex-prefeito Sávio Pontes, do qual nitidamente buscava desde o início se desvincilhar. Coincidência ou não, sem a articulação de Pontes, Diego sofreu uma sonora derrota com mais de 5.000 votos para o “65” de Sérgio Rufino. 

PERGUNTA COM UMA POSSÍVEL RESPOSTA

O filho de Toinha Carlos pode bater no peito e dizer que os 8.881 votos (36,91%) da oposição são seus?  Resposta Curta - Na prática, sua votação foi uma mescla de votos de oposição advindos também de outras corretes políticas do município. A maioria foram votos de rejeição ao projeto familiar de poder de Sergio Rufino e Irmãos e não, necessariamente, por que acreditavam numa futura "administração Diego Carlos". 

Para essa primeira pergunta, teremos, de certa forma, em 2022, uma espécie de prova dos nove. Guardadas as realidades diferentes dos pleitos, resta saber se o artificie da candidatura do PDT de Ipu em 2020, Deputado Sergio Aguiar, terá uma votação expressiva com base nesses 8.881 votos do “capital político” de Diego Carlos.  

PERGUNTAS AINDA SEM RESPOSTAS

Irá Diego Carlos em 2024 surgir, mais uma vez, como um candidato com as mesmas limitações desse ano, manchando a sua biografia e de sua família para uma temível e histórica quarta derrota eleitoral consecutiva?

Irá a Família Carlos continuar oficialmente resistindo aos assédios políticos do prefeito Sergio Rufino com a força econômica do seu grupo político?

Terá Diego um gesto de grandeza se surgir um candidato com mais reais condições, abrindo a cabeça de chapa para este e lhe dando total apoio para ver ser grupo voltar a vencer?

CERTEZA POLÍTICA

Polêmicas e questionamentos a parte, existe uma realidade que não podemos fugir. Se a oposição quiser um dia voltar ao poder, não desconsiderando outras variáveis políticas, precisará, imprescindivelmente, do apoio do núcleo Toinha-Diego-Marcelo. Até segunda ordem, eles são a base política do voto de oposição ipuense. Toinha (e Zezé Carlos) tem serviço prestado e ainda são referenciais do "voto dos apaixonados", Diego tem carisma e Marcelo (com seus irmãos) tem o poder de articulação política e força econômica. 

Porém, em qualquer situação, se faz necessário deixar de lado as vaidades políticas.

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