terça-feira, dezembro 29, 2020

RÁDIO REGIONAL - COM DOIS MESES FORA DO AR, A EMISSORA VIVE AS SEQUELAS DE DISPUTAS POLÍTICAS.

           

Há um ano atrás o meio radiofônico e político ipuense era sacudido com a saída do radialista e diretor Hélio Lopes da Rádio Regional de Ipu, juntamente com sua equipe de programação política e jornalística. O programa Fatos em Debate (FD), apresentado por Lopes e referência na defesa partidária do grupo de oposição, migraria então para a FM Cidade de Ipu vinculada ao grupo político que tem como líderes Nonato Martins e seu filho Dr. Carlos Eduardo. 

A motivação preliminar e oficial foi uma insatisfação de ordem pessoal entre o novo Diretor, Chagas Peres, com membros da equipe do programa de Hélio Lopes, os quais estariam impedidos de continuarem na emissora a partir de 2020. 

Chagas, o qual é sócio-proprietário da rádio e também suplente de vereador, passou a ter o comando a partir da transferência de poder que foi lhe dado por outro acionista: o vereador Genêso Mororó. Este edil, por sua vez, também afirmava que não era satisfeito com a direção da emissora que não dava vasão as suas ações parlamentares e empresarias. Chagas percebendo a insatisfação de Genêso, recebeu dele a palavra de que teria a gerência administrativa sobre suas ações, se tornando assim majoritário para comandar a histórica rádio que foi fundada pelo empresário Zezé Carlos no início da de ácada de 1990. 

Nesse percurso, até uma improdutiva e tensa reunião foi feita em Ipu com a presença dos outros sócios-proprietários: Toinha Carlos e o Deputado Sérgio Aguiar. Ao final, Chagas fez valer seu direito acionário. Hélio Lopes com sua equipe, decididamente, se desligariam da AM 1520 e teriam o mês de janeiro para se despedirem dos seus ouvintes através daquele canal radiofônico.  

MANOBRA POLÍTICA
Apesar de negar em um primeiro momento, ficou patente logo em seguida que ação de Chagas Peres foi uma manobra de ordem política que envolveu sua adesão ao grupo do prefeito Sérgio Rufino (PCdoB).

O Vereador Eduardo do Zé Maurício foi o grande articulador e pediu o aval do Prefeito Sérgio Rufino para "fechar o negócio", mesmo sabendo que Peres fora um dos mais duros críticos radiofônicos (inclusive na bancada do Fatos em Debate) contra a gestão municipal. Eduardo se licenciaria logo no mês de fevereiro para assumir um cargo na prefeitura e Chagas Peres (seu suplente de vereador), assumiria os últimos meses do seu mandato nesse ano de 2020.  No acordo político o novo Diretor da Regional apoiaria Eduardo nas eleições desse ano e direcionaria a rádio para ter uma postura "neutra". 

Chagas também tentou até ter um apoio financeiro da emissora por parte da Prefeitura, mas foi refutado pelo próprio Sérgio Rufino que lhe disse que já tinha duas outras rádios a seu serviço. "Eu fiquei segurando a rádio com o meu salário da Câmara", assim nos disse. 

CAMPANHA ELEITORAL
Durante os meses de setembro e outubro, os demais sócios-proprietários com seus interesses políticos, passaram a exigir espaços para divulgarem suas ações. O PDT do candidato Diego Carlos passou a ocupar um espaço diário nas manhãs, enquanto o PSD do candidato Flávio Alves e do vereador Genêso Mororó passariam a usar o sábado a partir das 12h. O restante da programação seguiu com uma postura moderada e nitidamente de apoio a gestão municipal. 

FORA DO AR
Semanas antes da eleição municipal, a Rádio teve uma grave pane no transmissor. De lá para cá, o atual Diretor tem travado uma verdadeira cruzada para colocá-la novamente no ar. A previsão é de um reparo que custará mais de 20.000 reais para que a emissora volte ao ar em janeiro. Um novo estúdio já foi montado no Alto da Boa Vista em um espaço cedido pelo pároco de Ipu. 
Outro desafio são as grandes pendências jurídicas e financeiras junto a Anatel que impossibilitam a sua migração do AM para o FM, e isso pode levar a emissora a perda concessão nos próximos anos. Isso explica o porquê que os demais proprietários não se interessam em investir na mesma e a utilizam apenas para fins políticos, enquanto a mesma não tem sua licença suspensa. 

Chagas diz que se "aposentou politicamente". Sem mandato e sem a suplência de vereador, fica difícil ter agora algum tipo de apoio da classe política mandatária de Ipu. Porém sabemos que Sérgio Rufino, o qual faz política sem retrovisor e  com uma matemática eleitoral de somar votos, pode até continuar a parceria "política-radiofônica".

QUEM MAIS PERDEU POLITICAMENTE?
Diego/Toinha Carlos e o Deputado Sérgio Aguiar perderam seus maiores defensores e divulgadores junto a sociedade ipuense. Na campanha municipal desse ano eles ficaram sem voz e isso também pesou no resultado das urnas. O vereador Genêso Mororó (PSD), o qual não conseguiu a reeleição, também saiu perdendo, pois a migração dos Lopes para a FM Cidade em muito colaborou na reeleição do vereador Nonato Filho (PROS), o qual teoricamente ocupou uma vaga no legislativo local que poderia ter sido sua pelo PSD. 
  
QUEM MAIS GANHOU POLITICAMENTE?
Apesar de ainda ter seu "DNA" vinculado a várias campanhas com a Família Carlos, Hélio Lopes (que foi o Vice de Dr. Carlos Eduardo) firmou uma boa e projetiva parceria política com os Martins de Nonato. Isso, por enquanto, não surtiu efeito eleitoral - como assim apontam os números da chapa Dr.Cadú-Hélio nas eleições passadas, mas em termos radiofônicos os frutos de uma audiência espetecular já são fartamente colhidos. 

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