segunda-feira, janeiro 04, 2021

ELIAS GUILHERME E A SAGA DO VOTO CONSCIENTE NAS URNAS IPUENSES


O real papel do vereador no Poder Legislativo é propor leis e fiscalizar as ações do Prefeito no trato com os recursos públicos e no encaminhamento das soluções dos problemas da comunidade. Mas no Brasil, sobretudo nas cidades interioranas e nos grotões das metrópoles, há uma distorção do real papel de um vereador, pois os eleitos, em sua grande maioria, não assumem essa função e se posicionam como meros assistencialistas dos seus eleitores e subservientes aos Prefeitos com o seu poder de controle eleitoreiro sobre a máquina pública.

Na política do interior existe uma máxima de que com dinheiro e/ou o apoio da máquina pública não se elege a Vereador. Dependendo dos seus laços de amizade e trabalhísticos, a votação dos edis eleitos dificilmente ultrapassa uma barreira de 1/3 dos seus votos conquistados de maneira limpa. 

CORRUPTOR E CORRUPTÍVEL 

Por que o eleitor não tem essa consciência de votar por projetos/ideais e não por favores? É o político que é corrompido ou o eleitor que é comprado? 

Uma incisiva e verdadeira educação cívica e ética dos jovens e uma estrutural melhor distribuição de renda no país, seriam imprescindíveis para dissipar gradativamente a corrupção eleitoral. Porém uma Justiça Eleitoral mais dura e rápida e que também punisse o eleitor que se deixa corromper, seria a solução mais imediata. 

Nas décadas que acompanhamento in loco da política de Ipu e cidades vizinhas, o que se percebe é que a necessidade de um emprego, a dependência dos favores da prefeitura e até mesmo o medo de “um dia precisar” de um político influente, estão impregnados no comportamento da maioria dos munícipes que sufragam nos seus parlamentares locais. Existe também a praga do "voto útil", ou seja, a ideia de votar em quem tem chances de vencer o que só ajuda os poderosos que feudalizam o cargo de vereador. Para agravar essa triste situação, existem também os vulneráveis na faixa de pobreza e miséria que por necessidade são explorados e usados em época de eleição. 

Essa triste realidade teve suas vísceras expostas e evidenciadas com as ações investigativas do Ministério Público Eleitoral de Ipu na última eleição municipal. As fotografias e áudios em rede sociais demonstraram que os candidatos, em especial aqueles vinculados ao poder executivo municipal, tiveram posturas vergonhosas na conquista do voto. 

DESAFIANDO O SISTEMA 

Tomemos como exemplo uma das raras tentativas de "quebrar esse sistema" feita por Elias Guilherme, o qual tentou uma cadeira na Câmara Municipal de Ipu através do PDT.  O jovem sociólogo fez uma campanha limpa, sem recursos financeiros e com a bandeira de um legislativo independente. Nem práticas assistencialistas o neófito postulante a vereador tinha para colher. 

Usando especialmente as redes sociais e com uma postura de confronto aberto com o Prefeito Sérgio Rufino (PCdoB), Guilherme obteve significativos 235 votos. Essa votação não o elegeu, embora lhe desse a condição de suplente do PDT.  Convenhamos também que Elias merecia uma melhor sorte em meio aos quase 9.000 votos que o candidato a prefeito Diego Carlos obteve, mas que não conseguiu transferir para seus candidatos a vereador por sua sigla. 

Candidatos da base do Prefeito que já ocuparam cadeiras no Legislativo como Leandro Bezerra, Raimundo Doido e Valdeci Filho de Nossa Senhora, bem como o exótico e verborrágico ex-radialista Rogério Palhano, foram vergonhosamente ultrapassados em votação pelo corajoso pedetista que tem suas origens em São Bento na região sertaneja de Ipu. 

Elias comemorou efusivamente a sua votação. Para ele, é um ponto de partida para outras campanhas. 

O Ipu precisa de mais outros Elias. 

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