terça-feira, janeiro 19, 2021

SENADOR CID GOMES (PDT) OFICIALIZA APOIO A RODRIGO PACHECO (DEM) PARA O COMANDO DO SENADO

O Senador Cid Gomes concedeu entrevista ontem (18) ao Sistema Verdes Mares e falou sobre a sucessão da presidência do Senado e da Câmara Federal. Confira os trechos dessa fala.

DN - E essa decisão do PDT de apoiar o Rodrigo Pacheco (DEM) no Senado. Quais são os compromissos que ele deve assumir com a maioria dos senadores, ele tendo o apoio do Governo Bolsonaro? 

CID - O Senado tem algumas diferenças profundas em seu processo de sucessão em relação à Câmara. Qualquer um dos dois (Rodrigo Pacheco e Simone Tebet, do MDB) representará bem o Senado. Digo isso não pelo arco de forças que cada um fez no seu entorno. O MDB é um partido que tem certa objeção de minha parte, mas a Simone é uma pessoa diferenciada dentro do MDB. Como todo partido, o MDB também tem bons quadros.  O arco de forças que está em torno da candidatura do Rodrigo, muito em função do Davi (Alcolumbre), porque ele foi um presidente habilidoso, é muito eclético. Você vai ter desde um partido em que está filiado o filho do presidente (da República) até o PT, passando pelo PDT. Mais do que uma notícia de que tem o apoio do Bolsonaro, a gente sabe que o Rodrigo tem um comportamento, ao longo desses dois anos, que é de independência, que é o que nós queremos. A Simone tem esse perfil também. Portanto, lá na eleição no Senado, estou tranquilo. Votarei com entusiasmo no Rodrigo, acreditando que ele marcará a sua gestão por independência e, naturalmente, por respeito às minorias que lá militam.  

Na Câmara, com todo o respeito, nenhum dos dois tem o perfil ideal. O Baleia (Rossi) é do MDB. Não por isso, mas ele tem um perfil muito voltado para São Paulo. Embora seja presidente nacional do MDB, ele está muito aquém de ser uma liderança como é o Rodrigo Maia. E a gente do PDT vai votar na candidatura do Baleia, muito em atenção ao Rodrigo (Maia), ao trabalho que fez quando foi presidente. Há algumas queixas aqui e acolá, mas ele colocou a Câmara em uma postura de independência em relação ao Governo Bolsonaro. 

O Arthur (Lira), o outro candidato, é pessoalmente comprometido com o presidente, a gente vê com que frequência ele pede vista, com que frequência ele apoia as matérias, mesmo essas mais ridículas, do Governo Bolsonaro. Mas esse é o menor dos seus defeitos. Eu o considero um novo Eduardo Cunha (ex-presidente da Câmara que cumpre prisão domiciliar). É o mesmo estilo, da esperteza, da falta de compromissos com o País e unicamente está pensando em arrancar benefícios do Governo, seja através de cargos ou verbas. Ele sendo eleito, o próprio Bolsonaro está dando um tiro no pé, porque ele será o líder da chantagem ao Governo Bolsonaro.

DN - O senador Tasso Jereissati tem uma visão em relação à eleição para o Senado e a Câmara de que as instituições têm que trincar os dentes, porque Bolsonaro pode ir para cima. O senhor concorda que precisará de independência? 

CID - Independência, para mim, é pré-requisito. E não é da fala para frente, é da prática para trás. O Rodrigo Maia: muito embora esteja no seu primeiro mandato, tem dois anos lá. É só ver como ele votou nesses dois anos, se foi uma coisa de absoluto alinhamento com o Governo Federal ou se foi, como vi que foi, uma linha do ponderado, do razoável. Estou tranquilo. Tasso está correto, a gente deve sempre ter zelo pela democracia, independentemente de quem esteja. Sendo o Bolsonaro (o presidente), mais zelo, mais cuidado a gente tem que ter. Se dependesse só dele, não tenha dúvidas que ele já teria arrumado um jeito de envolver os militares. Ele tem sido frustrado pelo Exército, que é a força maior das Forças Armadas, que já deu declarações, exemplos práticos, de que não adere a essa tese, por mais encantador que seja o comportamento do Bolsonaro em relação a eles.

Temo muito mais as milícias e segmentos mais radicais de Polícias. Iniciativas como essa que estão em votação na Câmara, de tirar a hierarquia, o comando dos governadores em relação às polícias militares, vejo como um gesto muito mais preocupante, embora eu tenha também tranquilidade de que não há clima para isso. 

FONTE - DN

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