domingo, julho 03, 2022

O SONO TRANQUILO DO CAPITÃO DAQUI

(Gualter Jorge - O Povo) - O ambiente agitado na aliança governista, com a A disputa dentro do PDT pela posição de candidato (ou candidata) ao Abolição e as dificuldade de entendimento entre as forças aliadas, contrasta com a calmaria quase absoluta que predomina hoje na oposição, de onde o Capitão Wagner observa tudo que acontece do outro lado, garante ele, sem qualquer atenção especial. "Estou focado na minha campanha", disse à coluna na tarde da última sexta-feira, provocado a fazer um balanço do que aconteceu até agora e as perspectivas que vislumbra. O tom é de um otimismo contido.

O pré-candidato falou à coluna quando saia de um encontro com o dirigente de um partido (cujo nome não disse e a coluna não conseguiu apurar qual seria) que, pela conversa, considera que vai apoiá-lo em 2022. "É questão apenas de acertarmos alguns detalhes e a data de anúncio", afirmou, adiantando ter uma outra sigla na ponta da agulha, inclusive tendo reunião agendada com um dirigente dela para o mesmo dia. Certo é que nos cálculos do Capitão Wagner tem tudo funcionado a contento depois de um ano percorrendo o Estado, até porque, oposição que é, afirma ter encontrado por onde passou uma expectativa muito forte das pessoas com um futuro governo que consiga "trazer a paz de volta ao Ceará".

Haveria, na cabeça dele, um adversário, ou adversária, de preferência? O Capitão Wagner garante que não, "os quatro que estão apontados têm aspectos positivos e negativos", comenta rápido, interessado em mudar logo de assunto. Sua promessa, que a coluna já sabe que não será cumprida, por força das circunstâncias, é a de "fazer uma campanha sem agressão, baseada em argumentos e procurando mostrar a diferença do que nosso grupo representa em relação ao deles". Aliás, na sua matemática própria os Ferreira Gomes já somam 36 anos no poder.

E a briga por posições no palanque não pode gerar alguma disputa dentro de sua aliança? No cálculo político dele, não, porque há espaço que considera suficiente para todo mundo, referindo-se à vice, à senatória e às suplências. Mesmo o recado de bolsonaristas de que exigem o Inspetor Alberto na chapa como candidato à vaga no Senado não parece, ainda, tirar o sono do pré-candidato do União Brasil ao governo do Ceará, que acredita ser possível resolver as questões pendentes no tempo certo. Ou seja, no seu calendário, "mais perto das convenções".

Por falar em Bolsonaro, segue firme a disposição de não misturar os palanques nacional e estadual. "Simplesmente porque é o que eles (governistas) querem, permitindo-lhes fugir do debate que mais importa, sobre as 61% de famílias cearenses na extrema pobreza, os 700 mil jovens que não estudam e nem trabalham, a violência crescente etc". É a disposição e a estratégia do candidato, mas será inevitável uma pressão também por dentro no sentido contrário, de apoiadores do presidente que certamente cobrarão, em algum momento, que as campanhas se fundam.

O fato, como resumo da história, é que a caminhada realmente tem sido mais tranquila para o Capitão Wagner do que para o lado de quem é governista. Agora, sabe ele, sabemos nós e sabem os seus adversários, o jogo de verdade ainda não começou. Resta saber a quem beneficiarão as mudanças de cenário que se espera que aconteçam.

"Achei educada, muito polida, inteligente. As inteligências do PT compreenderam o momento delicado de sucessão no Ceará e adiaram a decisão" José Sarto, prefeito de Fortleza, comemorando a decisão da cúpula petista de adiar reunião programada para ontem, dia 2, que definiria a posição do partido quanto à disputa pelo governo do Ceará e era vista como ameaça, até, à manutenção da aliança com o PDT.

Gualter Jorge é colunista do Jornal o Povo



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