segunda-feira, abril 12, 2021

EDITORIAL - UMA SEMANA DE TENSÕES EM BRASÍLIA E A TURBULÊNCIA DO TERCEIRO ANO DE MANDATO

A popularidade caindo, a ameaçadora inflação, a estagnação econômica, a vacinação tardia e a indiferença em relação as milhares de mortes por covid-19, já são suficientes para comprometer uma possível estabilidade no último terço de mandato de Jair Bolsonaro. Mas a questão não é só essa travessia tortuosa que se apresenta mais intensa nesse mês de abril ao presidente. As variáveis políticas que podem levar um presidente a um final melancólico de mandato, sobretudo com essa cultura de impeachment que se sedimentou na cultura política do brasileiro, estão convergindo contra Bolsonaro. 

O Ministro Roberto Barroso do STF acatou na semana passada o pedido do Senador Jorge Kajuru (Cidadania-GO), e determinou monocraticamente que o Presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM), "destravasse" a abertura da "C.P.I do Covid" sobre as responsabilidades do governo federal com as ações de combate a pandemia. Mas nessa quarta, 14, o Presidente do STF, Luiz Fux, por sua vez, irá submeter aos seus pares a decisão do seu colega de magistratura. 

O presidente da república se mostrou nos últimos dias acuado e partiu para o ataque principalmente ao STF. Desconfia de tudo e de todos. Os deputado do "centrão", os quais o presidente fez uma cooptação ao estilo da velha política, podem pular do barco ao mínimo sinal de um naufrágio bolsonarista. Os apoiadores mais próximos do presidente tentam intimidar os oposicionistas querendo que a C.P.I, uma vez de fato aberta, também apure as possíveis falcatruas e responsabilidades de vários prefeitos e governadores. 

Bolsonaro foi um Deputado experimentado dentro do Congresso. Sabe ele que C.P.Is podem levar à nada ou a um sangramento fatal de um parlamentar investigado ou até de um presidente como foi o caso de Fernando Collor em 1992. A volúpia dos parlamentares que investigam na comissão é em muito condicionada a impopularidade dos investigados e as pressões partidárias em meio a proximidade de eleições.

Segue a novela de tensões. 

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