quinta-feira, setembro 21, 2017

DEPUTADOS DA BASE DE CAMILO APOIAM APROXIMAÇÃO COM EUNÍCIO

Se depender da vontade de deputados estaduais da base de Camilo Santana (PT), reaproximação entre o governador e o senador Eunício Oliveira (PMDB) é mais que uma possibilidade: é necessidade.
Mesmo com certa resistência de líderes de ambos os grupos, deputados aliados e até da chamada ala “independente” da Assembleia saíram ontem em defesa da volta da aliança para 2018.
“Claro que tem que aproximar. O Eunício é dos políticos mais influentes em Brasília. Com a crise, o governo não pode se dar ao luxo de, por questões pessoais, não usar disso pelo bem do Estado”, diz Sérgio Aguiar (PDT). Para ele, embates travados pelos grupos nos últimos anos não devem ficar no caminho. “A política é dinâmica”, afirma.
A tese, no entanto, ainda não é abertamente endossada por duas das principais lideranças dos grupos, os próprios Eunício e o ex-ministro Ciro Gomes (PDT). Em entrevista ontem ao “Blog do Eliomar”, Ciro classificou a aliança como “muito, muito, muito improvável”. Antes de concluir a fala, no entanto, o pré-candidato admite: “A política tem dessas contradições”.
Eunício tem dito que só abriria mão da disputa ao governo caso Tasso Jereissati (PSDB) saia candidato. A resistência de ambos, no entanto, não intimida a base. “Tudo é possível na política. Antigos inimigos ficam juntos o tempo todo. Até o próprio Tasso foi algoz do Eunício diversas vezes e agora estão aí, juntos, há duas eleições”, afirma Tomaz Holanda (PPS).
“O Ciro e o governador, antes de tomarem qualquer decisão, vão consultar a base, os partidos aliados”, afirma Julinho (PDT), vice-líder de Camilo na Casa. “Eu pessoalmente não tenho nenhum veto. A população não quer saber se um político está junto com outro ou o que for, ela quer saber é se a criminalidade diminuiu, se a saúde melhorou.”
Deputada do setor independente da Casa, Aderlânia Noronha (Solidariedade) afirma que o seu partido ainda não discutiu a questão, mas defende que o Estado tem a ganhar com aproximação de ambos. “Se o Eunício estiver mesmo fazendo essa aliança, significa que o governador está com um mandato muito bom, deve estar com condições eleitorais muito boas”, avalia Augusta Brito (PCdoB).

Oposição “no limbo”
Mesmo sem confirmação, reaproximação entre Camilo e Eunício já possui efeitos práticos na oposição da Assembleia. Na quinta passada, a Casa aprovou contas do governo Camilo de 2016 com apenas três votos contrários - um recorde.
Na manhã de ontem, visita do secretário da Segurança Pública, André Costa, foi das mais tranquilas, sem grandes embates como ocorriam durante visitas do ex-secretário Delci Teixeira à Casa.
Até ano passado o maior partido de oposição ao governo no Legislativo, o PMDB acabou reduzido na posição, com Audic Mota, Dra. Silvana e Agenor Neto passando para a base aliada. Agora, os três defendem reaproximação entre os grupos.
A tese de aliança, no entanto, ainda é rejeitada por opositores como Carlos Matos (PSDB) e Capitão Wagner (PR). “Uma aliança para diminuir a disputa. Falta combinar com os russos”, diz Matos.
Independentes, Renato Roseno (Psol), Ely Aguiar (PSDC) e Roberto Mesquita (PSD) seguem na oposição.
Fonte: O Povo  - Edição impressa de 21 de Setembro.

segunda-feira, setembro 11, 2017

A BIZARRA APROXIMAÇÃO DE EUNÍCIO COM CAMILO E OS IRMÃOS FGs

Matéria de Fábio de Campos - Jornal O Povo
Sim, a política é dinâmica, mas recomenda-se evitar fazer o distinto público de bobo. Nos últimos dias, a crônica política deu conta de um encontro entre o senador Eunício Oliveira (PMDB), o governador Camilo Santana (PT) e o prefeito Roberto Cláudio (PDT). O regabofe ocorreu em 31 de agosto, no Coco Bambu, de Brasília, casa que vive apinhada de clientes. Portanto, o trio escolheu a dedo um lugar para ver e ser visto. Bem cearense, não é? 

Em entrevista ao O POVO (edição da última segunda-feira), Eunício Oliveira “não negou as conversas de bastidores de que seu grupo político estaria se reaproximando do petista (Camilo) com possibilidade de estarem juntos novamente nas eleições de 2018”. Sim, creiam! 

Ao decidir conversar com o governador e com o prefeito, Eunício sabe muito bem que está conversando também com o ex-governador Cid Gomes e com o restante da família que detém a hegemonia da política cearense. Inclua-se na lista Ciro Gomes, cuja eloquência verbal proferiu uma impressionante sequência de vitupérios contra o senador.

Vamos a um singelo resumo de palavras dirigidas por Ciro ao presidente do Senado: aventureiro, mentiroso, lambanceiro, mistura de Pinóquio com irmão metralha, um pinotralha. Diga-se que esse fabuloso conjunto foi dito de uma só vez, em 2014, em ato de inauguração do comitê de Camilo Santana. Desde então, muitos outros “conjuntos” foram pronunciados. O coroamento: Ciro disse que a eleição de Eunício para presidir o Senado era “uma vergonha”. 

Durante a campanha de 2014, escrevi algumas vezes a respeito. Chamava a atenção o fato de Eunício Oliveira, candidato contra Camilo, calar-se diante da metralhadora verbal de Ciro. Alertava que calar-se diante de tão fortes ataques correspondia a consentir. Quase sempre, o senador preferiu reforçar o fígado e aguentar calado. No fim das contas, a derrota na disputa. Sinal de que uma parte do eleitorado acreditou em Ciro. 

Mais recentemente, Eunício se saiu com essa: “A oposição terá candidato ao governo e candidato na chapa majoritária para senador. Ninguém se iluda, eu saio da política, mas não faço acordo com esse cidadão chamado Ciro Gomes, que só sabe denegrir. Ninguém sabe do que ele vive, mas vai todos os dias para as rádios e televisão denegrir a vida alheia. Eu não me junto com gente desse tipo”.  

Pois é. A não ser que se queira passar a ideia de que Ciro não tem nada a ver com quem o ladeia. Camilo é Camilo, Roberto é Roberto e... Cid é Cid. Bingo! É essa a ideia. Camilo para governador, Zezinho para a vice, Cid para senador e Eunício também para senador. E Ciro? Ora, Ciro dá uma pausa na língua e faz a sua campanha presidencial deixando o Ceará com os cearenses. 

Não haverá na trama excesso de esperteza? Afinal, até na política há limites para determinados tipos de pacotes a serem colocados à disposição do eleitor. Diante da podridão que nossa política produziu nos últimos anos, há sempre a possibilidade de o estômago do eleitor estar em fase, digamos, de alta sensibilidade. Assim, é grande o risco de regurgitar o que lhe empurram goela abaixo. 

PMDB CUSTOMIZADO 
A movimentação de Eunício Oliveira, que aceitou o convite de Camilo e RC para o ensaio de um xote, sugere que o PMDB vai adotar em 2018 a postura que já se tornou especialidade do partido. Ou seja, mesmo que a sigla componha uma chapa com candidato a presidente da República, não se obrigará a seguir a mesma composição nos estados. 

Não é só o senador cearense que se movimenta nessa linha. Em Alagoas, Renan Calheiros passeia pela mesma calçada. Não foi à toa que se abraçou o Lula-lá (e vice-versa) na passagem do petista pelo Estado. Lá, Renan quer salvar a sua pele e a de seu filho, que governa o Estado. 

É o velho PMDB de guerra. A ideia de sempre é se amoldar às circunstâncias mais favoráveis de cada estado, eleger uma grande bancada para o Congresso e salvar a pele dos que precisam de foro privilegiado. Se for possível eleger governadores, ótimo. Porém, não se trata de uma prioridade. 

Quanto ao próximo presidente da República, o PMDB vai fazer o que sempre fez. Como fiel da balança para formar a maioria parlamentar, venderá (caro) o seu apoio ao futuro ocupante do Palácio do Planalto.  

EFEITO PALOCCI NO CEARÁ São tantos e avassaladores os acontecimentos que, no Brasil, a articulação política passou a ter curtíssima validade. É que a Lava Jato virou cacique e precisa ser consultada antes dos protagonistas adotarem qualquer caminho e fecharem qualquer acerto para o ano que vem. 

É bom que se diga que a trama política relatada na abertura desta coluna acerca do Ceará pode ter perdido muito de sua viabilidade. Tudo tinha sentido até o momento em que Antônio Palocci, numa calma bovina, recolocou Lula no centro da Lava Jato.  

Agora, já não se sabe ao certo se o embrulhado Lula será candidato a presidente. Pior: já não se sabe ao certo se será bom negócio para parte dessa inusitada aliança cearense (PMDB-PT-PDT) carregar nas costas a candidatura do ex-presidente condenado em primeira instância e acusado pelo seu mais fiel escudeiro.  

BERÇO ESPLÊNDIDO E a oposição? A preço de hoje, Camilo Santana é imbatível. Afinal, até aqui, não há concorrente disponível. Especula-se, é verdade! Mas especulação não disputa voto. A especulação tem nome: o executivo e administrador Geraldo Luciano. Ainda há quem fale em Tasso Jereissati, mas os mais íntimos amigos do tucano não apostam um níquel na possibilidade. 
Geraldo Luciano é um respeitável desconhecido do grande público. Em eleição curta, trata-se de um problema. Porém, sua trajetória se enquadra no perfil que parte significativa do eleitorado gostaria de ver na disputa. No caso, um nome com currículo reluzente, que nunca tenha se envolvido com a política e seja capaz de atrair votos com um programa de governo e não com a promessa de distribuir cargos a rodo. 
Do jeito que está a política brasileira, um pré-candidato desconhecido é uma desvantagem na mesma dimensão em que é uma vantagem. Não carrega desgastes. No entanto, o calendário impõe que nome com tais características seja trabalhado com a devida antecipação.

domingo, setembro 03, 2017

NOVO CURRÍCULO DO ENSINO MÉDIO SERÁ DIVIDIDO POR ÁREAS, E NÃO POR DISCIPLINAS

A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) do ensino médio, que definirá o que todos os alunos de escolas públicas e particulares do País devem aprender na etapa, está em elaboração. O documento não terá separação de habilidades por disciplinas, mas em áreas de conhecimento. A BNCC vai estabelecer as competências e habilidades nas áreas de Ciências Humanas, Ciências da Natureza, Linguagens e Matemática, segundo disse a secretária-executiva do Ministério da Educação (MEC), Maria Helena Guimarães Castro, em evento na última sexta-feira, 25, em São Paulo. As escolas é que definirão como vão trabalhar em cada disciplina. 
A base curricular do ensino médio vem sendo produzida por técnicos do MEC e deve ser encaminhada ao Conselho Nacional da Educação (CNE) em novembro. O documento definirá o que deve ser ensinado no currículo comum a todos os estudantes, em uma carga horária de 1,8 mil horas para os três anos da etapa. Outras 1,2 mil horas serão de carga horária flexível. 
"Vamos seguir a mesma estrutura da BNCC (do ensino fundamental), em competências e habilidades, porque a base das duas etapas deve ser uma só, e estar conceitualmente bem alinhada. Só que, no ensino médio, as áreas serão entendidas como áreas, não como disciplinas. As escolas é que decidirão como trabalhar essas competências dentro de cada disciplina", disse Maria Helena.
Apesar de separada em quatro grandes áreas do conhecimento, a base do ensino fundamental (do 1º ao 9º ano) é subdividida em disciplinas, e define o que é esperado que o aluno aprenda em cada série e em cada matéria. Já no ensino médio, segundo Maria Helena, o formato será diferente. 
"[Nas áreas] estarão encadeadas as habilidades que se referem a determinados conteúdos e podem ser trabalhadas livremente. Elas podem ser trabalhadas, por exemplo, em História, Filosofia, Sociologia ou Geografia", disse a secretária-executiva. "O mais importante da flexibilização é garantir liberdade para esses arranjos curriculares."
Membro do CNE e presidente da Comissão de Elaboração da BNCC, Cesar Callegari disse esperar que o documento apresentado pelo MEC não fique restrito só ao núcleo comum, mas também defina os direitos e objetivos de aprendizagem para os cinco itinerários optativos. "É um erro gravíssimo deixar a base confinada apenas às 1,8 mil horas do currículo comum. Sem ter uma base para a área diversificada, não se tem parâmetros para os processos de avaliação, escolha de materiais didáticos, como orientar a formação de professores", disse.
Para Callegari, trabalhar a base por áreas de conhecimento pode ser positivo para induzir que os conteúdos sejam trabalhados de forma mais interdisciplinar. "Trabalhar por áreas representa uma possibilidade de produzir uma educação mais significativa para os estudantes", disse.
Itinerários. Aprovada em fevereiro, a reforma do ensino médio dá ao aluno a opção de escolher entre diferentes itinerários formativos. Na lei, são previstas cinco áreas: Linguagens, Matemática, Ciências da Natureza, Ciências Humanas, e educação técnica e profissional. Esses percursos devem preencher 40% da carga horária de três anos. O conteúdo dos itinerários será definido por cada Estado e pelo Distrito Federal, segundo o MEC.
Na opinião do professor Luiz Carlos de Menezes, do Instituto de Física da Universidade de São Paulo (USP), o principal desafio do MEC será garantir que a base curricular dialogue com todos os percursos opcionais. Menezes, que ajudou a elaborar a segunda versão da BNCC em 2016, espera que a regulamentação da reforma evite desigualdades entre as áreas.
“É preciso ter clareza de que a base precisa ser alicerce para tudo, inclusive para a educação profissional." Menezes afirma que a base curricular pode ter menos conteúdos em relação ao currículo atual, que tem 13 disciplinas obrigatórias e é considerado engessado por especialistas. “Talvez seja possível não eliminar conhecimentos ou competências, mas condensá-los para que não sejam tão detalhados. Essa é uma hipótese, que eu não estou propondo mas poderia ser estudada.”
A divisão em áreas do conhecimento é um caminho para motivar o aluno do ensino médio, segundo Ana Maria Diniz, presidente do conselho do Instituto Península, que trabalha com educação e esporte. O formato, diz, pode estimular escolas a trabalharem com oficinas e projetos multidisciplinares, o que costuma fazer com que o aluno veja mais relação entre a aula e a realidade.
"A nova educação está muito mais ligada a projetos interdisciplinares e, fazendo esse currículo por áreas, você pode explorar mais os interesses do aluno", defende. Apesar de ser favorável à ideia, Ana Maria aponta que a formação do professor para esse modelo será um desafio. "É preciso um professor bem preparado para isso e disposto a trabalhar nessa interdisciplinariedade com outros professores, e ser preparado para isso, o que hoje não existe."
Fórum. O Estado realiza, na próxima terça-feira, 5, o Fórum Estadão - O Novo Ensino Médio, que contará com a presença de representantes do MEC, do Conselho Nacional de Educação CNE e especialistas da área para debater questões referentes às alterações na etapa em todo o País.
As discussões serão realizadas em dois painéis, com espaço para debates e perguntas dos espectadores. O evento terá transmissão ao vivo e faz parte da cobertura especial do Estado sobre o tema, iniciada em junho deste ano.
O evento, aberto ao público e com entrada gratuita, será realizado no auditório do Estado, localizado no bairro do Limão, na zona norte de São Paulo, a partir das 8h30 e com encerramento previsto para, as 12 horas.
Fonte: O ESTADO DE SÃO PAULO