domingo, dezembro 29, 2024

SOBRAL - OS CINCO FATORES QUE LEVARAM O SARCÁSTICO IVO A SER DERROTADO PELO EXCÊNTRICO OSCAR

Desde a vitória de Cid Ferreira Gomes em 1996 o seu grupo político comanda a cidade de Sobral. Nesse percurso, Cid se empoderou como Governador e depois Senador, ao mesmo tempo que manteve o controle da cidade através das eleições dos aliados Leônidas Cristino, Veveu Arruda e do irmão Ivo Gomes. Excetuando a eleição de 2012, quando o quase desconhecido Dr. Guimarães por pouco não venceu o não empolgante Veveu, as demais eleições foram tranquilas para os FGs. Mas foi nesse épico ano de 2024 que o ciclo de comando do clã Ferreira Gomes chega ao fim com a derrota de sua candidata Izolda Cela (PSB) para o Deputado Estadual Oscar Rodrigues (União Brasil).

Desde 2016, com a candidatura de Moses Rodrigues à prefeito, que os "Rodrigues das Faculdades Inta" tentam tirar os Ferreira Gomes do poder em Sobral. Na eleição de 2020, Oscar foi derrotado por Ivo - que era candidato a reeleição - pelo placar de 66.519 a 45.795 votos, ou seja, com uma sonora maioria de 18,5% naquela ocasião. Mas o que houve nesse ano de 2024 para que essa hegemonia eleitoral do então grupo situacionista virasse pó? Na exata matemática eleitoral para onde foram os mais de 20.000 votos de maioria de 2020? Qual o cenário encontrado por Oscar Rodrigues para sair de 45 mil para os significativos 65 mil votos?

Após ouvir várias lideranças e atores políticos dessa histórica eleição, o Blog chega a conclusão que a vitória de Oscar não se deve em peso ao seu poder econômico e a sua resiliência política, muito menos a sua proposta de governo que nem se quer foi bem conhecida. O professor e empresário educacional venceu por que encontrou uma série de variáveis políticas específicas nesse 2024 que se entrelaçaram, sobretudo em meio a desorganizada e até soberba coordenação de campanha de Izolda e de seus padrinhos Cid e Ivo Gomes. 

Certamente um dos maiores méritos de Oscar, uma figura destemida e excêntrica no meio político, foi manter unida a oposição agregando experientes lideranças, evitando assim brechas para a tão manjada estratégia de Cid em dividir a oposição alimentando uma segunda candidatura como assim fez em 2012 e 2016. 

As variáveis políticas dessa eleição de 2024 - as quais chamaremos de FATORES - em consonância potencializaram uma a outra. Em uma eleição com resultado apertado é inegável que todos esses pontos aqui relacionados tiveram peso decisivo nos números finais. 

Fator 1: IVO GOMES, O CABO ELEITORAL AS AVESSAS
Ele, indiscutivelmente, está muito longe de ter feito uma gestão ruim. Os oito anos de Ivo deixam um legado quase irretocável em infraestrutura, educação, saúde e vários programas sociais e de inclusão. 

Mas onde está o erro? Na pessoa dele como político, ou seja, na sua maneira de impor suas vontades sempre em linha de confronto aberto. 

Suas tomadas de decisões, claramente não pesadas por ele devido a uma certa mescla de soberba com autoconfiança eleitoral, tiveram peso nas urnas. Do confronto com a Igreja Católica na encampação da Santa Casa pela Prefeitura, passando pela falta de diálogo com setores empresariais da cidade e chegando até o acaso com a desativação do popular Guarany de Sobral, Ivo foi criando obstáculos para a vitória de um sucessor no seu grupo partidário. Os seus asseclas não o lembraram que a terra de Dom José Tupinambá da Frota tem um largo núcleo social conservador, cristão, tradicional e que torce o nariz até quando as faixas de pedestre da cidade são pintadas com as cores do arco-íris. 

O carisma de Ivo é uma faca de dois gumes e seu marcante sarcasmo passa muitas das vezes do tom e soa como prepotência. Um episódio bastante representativo foi quando em uma entrevista radiofônica ao ser perguntado sobre o seu principal opositor, disse: "O Oscar é doido! Olha só o cabelo dele".  

Daí, nesse início de 2024, veio o erro primário: A Taxa do Lixo imposta pela Prefeitura. Medida extremamente impopular e atrelada a conta de água do SAAE. Ivo conseguiu uma faceta histórica: entrar na casa de todos os eleitores sobralenses e de maneira negativa. O estrago foi tão grande que a candidata Izolda passou praticamente toda a campanha prometendo rever essa cobrança com novos critérios, desconstruindo a narrativa de irreversibilidade do tributo outrora defendida por seu padrinho político.  

Fator 2 : O CANSAÇO DO ELEITOR COM OS FERREIRA GOMES
Embora esse fator já fosse existente quando consideramos que ele já se fizera presente em menor grau nas eleições anteriores, percebe-se que o desejo de mudança estava mais forte esse ano em seguimentos da sociedade sobralense que antes eram mais complacentes com o continuísmo dos irmãos Gomes. Esse gatilho do cansaço foi disparado pela postura do prefeito (fator 01) e pela escolha da sua candidata (fator 3). Ademais, os filhos do Dr. José Euclides não saem do repetitivo esquema: Cid-Leônidas-Veveu-Ivo-Izolda (Veveu)

A ciência política não é algo exato, mas percebe-se que o cenário nacional para novas experiências estava forte em cidades de médio e grande porte como fora o caso da quase vitória do jovem André Fernandes em Fortaleza. As decisivas redes sociais impulsionam as propostas de mudanças pelo "novo", diferente do discurso de "continuidade" que sempre é dificultoso devido o seu telhado de vidro. Em Sobral, uma nova geração de eleitores foi surgindo e sem uma memória atrelada as realizações administrativas das gestões com e pós Cid, sentiu-se bem a vontade em flertar com a experimentação de uma mudança de comando na cidade.  

Um componente a ser aqui colocado na mesa é o racha dos irmãos. Desde 2022, Ciro Gomes, visto por muitos como um cacifador de eleições em Sobral, está rompido com os irmãos e se manteve bem distante da acirrada sucessão do seu ninho político. O racha dos irmãos é sim um componente de fragilidade política percebido pelos eleitores.

Fator 3: AS LIMITAÇÕS DA CANDIDATA
A ex-governadora Izolda, indiscutivelmente, é uma referência na educação cearense, porém pagou um preço alto em vir para uma eleição que lhe exigia uma inexistente expertise sua para o corpo a corpo interiorano com seus clientelismos. A professora tem um perfil técnico, ou seja, de gabinete e não é uma política de grande apelo popular. As limitações eleitorais dela também ficaram atreladas a uma espécie de reedição da discreta gestão do seu marido Veveu Arruda na Prefeitura sobralense. 

Cela ficou com um discurso restrito e não criou uma identidade nova para cativar os eleitores indecisos e vulneráveis do seu partido, pois também não poderia se confrontar com aquilo que desabonava a gestão Ivo Gomes. O fato positivo de ser uma mulher com possibilidades de chegar pela primeira vez ao comando da Prefeitura de Sobral, acabou sendo ofuscado pela polêmica Taxa do Lixo. 

Faltou à ela mais tempo de campanha pois a estratégia dos FGs de apresentar seu candidato de última hora, dessa vez, dificultou a campanha eleitoral da educadora que há muito estava desconectada do cotidiano sobralense. 

Fator 4: O PT COM SEU VICE QUE NÃO SOMOU AO GRUPO
Era articulado que o Vice de Izolda fosse alguém do ramo empresarial que ajudasse no diálogo com a classe comercial e, principalmente, com a estrutura econômica para a campanha competitiva que se desenhava. Mas aí veio a ordem da cúpula estadual do PT de que não abria mão de continuar com a indicação do Vice na chapa. 

Para evitar uma dupla puramente feminina, a Vice Prefeita Cristiane Coleho  foi sacada da tentativa de reeleição e seu colega de partido, o discreto professor Paulo Flor, foi colocado para ser o companheiro de urna da candidata do PSB. 

Dizem os próximos aos caciques Cid e Ivo que estes deixam transparecer que o PT de Sobral é um peso morto. Eles aturam a sigla vermelha - a qual em Sobral é muito limitada eleitoralmente, comandada por sindicalistas da área educacional, sem lideranças carismáticas e acomodada em cargos da Prefeitura - por causa da necessidade de alinhamento com o poderoso partido que controla o governo estadual e federal. O Prefeito Cid chegou até a protagonizar uma querela com Cristiane, ao exonerar funcionários ligados a vice e a não renovar o aluguel do seu gabinete. Ninguém do partido e nem a própria vice teve personalidade para bater de frente com Ivo Gomes. 

Abertas as urnas na noite do dia 6 de outubro, percebeu-se que o PT e Paulo Flor não fizeram a diferença na votação e na reversão da derrota de Cela. 



Fator 5: O JOGO (QUASE) DUPLO DE VEREADORES 
Os desencontros na coordenação onde problemas (omissões, negligências...) de estrutura financeira de campanha e até de pouca confiança passada por seus líderes em reuniões, levaram a um "salve-se quem puder" entre grande parte dos candidatos a vereador dos situacionistas PSB, PT e PODEMOS. Nitidamente o pedido de convencimento de voto para a candidata a prefeita Izolda, foi deixado de lado. Comprovação dessa realidade é vista no resultado nas urnas dos candidatos do grupo de situação, pois a votação destes foi bem superior aos votos que a candidata Izolda teve refletindo até na composião dos eleitos: 10 (pró-Oscar) x 11 (pró-Izolda). Esses líderes, alguns vereadores de vários mandatos, não fizeram valer seus vínculos com a Prefeitura e sua força eleitoral, falhando ou omitindo o voto casado seu com o da sua postulante ao Executivo. 

Todos os amplos conhecedores da política sobralense acreditavam que - apesar dos percalços aqui elencados abaixo (fatores 1, 2, 3 e 5) - haveria a tradicional "cartada decisiva" dos  votos advindos dos distritos e localidades, os quais sempre foram o xeque-mate dos Ferreira Gomes sobre seus opositores competitivos junto ao eleitorado da cidade. Esperava-se uma maioria pró-Izolda de mais de 7.000 votos que revertesse as dificuldades nos redutos urbanos. Ao final e incluindo derrotas em distritos Aprazível, Torto, Bilheira, Patriarca e Taperuaba, Izolda e seu grupo só trouxeram dessas sessões minguados 970 votos de maioria. 

Mas por que o Blog acha, considerando os cenários já citados - esse fator o mais decisivo? Por que se tem ligação direta com as últimas semanas antes da eleição e o resultado final apertado na vitória da oposição com apenas 6.003 votos de maioria, ou seja, nitidamente com os possivelmente reversíveis 4,8% em ações mais incisivas nos redutos eleitorais dos vereadores situacionistas. 

Traições políticas sempre são alimentadas e não ocorrem por um único fator. Em conclusão, houve um erro crasso das lideranças e coordenadores na construção e reta final de campanha. 

quarta-feira, dezembro 25, 2024

OS SECRETÁRIOS DA GESTÃO MILENA DAMASCENO - PERFIL, EXPECTATIVAS E OBSTÁCULOS

Das propostas de campanha à realidade após a chegada ao poder: esse é o inicial ponto desafiador da Prefeita Milena Damasceno (PT) a partir de 1º de janeiro de 2025. O primeiro passo da nova gestão já foi dado com a nomeação de um secretariado mesclado por indicações técnicas e/ou políticas. A nova chefe do Poder Executivo sabe que a cobrança por resultados virá a galope e a comparação com a administração dos Secretários dos doze anos da Família Rufino no poder, serão o epicentro do embate político proposto pela oposição e rebatido pela imprensa e vereadores de situação no seu primeiro ano de mandato.

Na política interiorana nem sempre as pastas são preenchidas da maneira como os Prefeitos pensam originalmente, pois há que se conviver com inevitável pressão do seu grupo político e até de compromissos de campanha. Uma outra nova realidade é a disputa entre os novos prefeitos por quadros técnicos experientes em pastas que exigem conhecimento específico e experiência na máquina pública municipal, porém esses profissionais são escassos e muitos indispostos a migrarem de uma cidade para outra. Há também as negativas de convites de profissionais de médio e alto escalão em atividade no serviço público e na iniciativa privada, por questões salariais e até de zona de conforto destes. Então, a tarefa na composição de um Secretariado é algo complexo e nem sempre é tão tranquila como aparenta ser. 

Chegamos então na semana da posse e 90% das pastas administrativas já possuem seus titulares nomeados pela futura gestora. E a primeira vista há algo salutar e bem diferente do que se viu nas gestões anteriores: a jovialidade e sobrenomes diferentes, ou seja, o monopólio de uma família nos cargos da prefeitura como fora nos doze anos de comando da família Rufino, ficaram para trás. 

E em meio aos anúncios feitos pela Prefeita eleita em suas redes sociais seguiam-se aplausos explícitos, aceitação pragmática e até a natural desconfiança discreta com alguns nomes pontuais. De quem aceitou o convite (e aqui incluo os subsecretários), espera-se uma consciência de que o povo colocou uma nova gestão no poder para que algo diferente fosse emergencialmente feito em vários setores da gestão municipal. Em meio as demandas dos cidadãos e as expectativas dessa mudança política que o Ipu está vivenciando, já se passou o tempo em que se aceitava essa função por mera acomodação política ou vaidade.

Então, quem terá o maior desafio pela frente? Todos, embora uns com menos trabalho de cobrança direta pela população e outros - diga-se a maioria - com tarefas desafiadoras mediante aquilo que desabonou a administração municipal do clã Rufino e que foi a base da punição recebida por eles nas urnas ipuenses. Ademais, Milena e seu braço direito e líder político Lindbergh Martins, devem coordenar ações estratégicas mediante aquilo que foi ouvido e sentido durante a militância na campanha eleitoral. Experientes e advindos de uma destacada gestão de oito anos no comando de Jijoca de Jericoacoara, o "Casal da Praia" deve saber muito bem onde cobrar, como cobrar e agir em colaboração próxima mediante os gargalos herdados da gestão dos Rufinos ou até mesmo na manutenção daquilo que foi satisfatório.

Porém há que se dizer que temos vários exemplos, até em administrações ipuenses anteriores, em que técnicos deixaram a desejar e nomes de indicação política realizaram excelentes trabalhos em suas secretarias. Certamente uma Secretaria ou outra irá se destacar mais. Nesse sentido, será também natural que mudanças aconteçam nesse ano inicial de gestão mediante os resultados entregues e o reflexo político-partidário desse novo secretariado.  

Assim como no futebol, ajustes no time podem surgir no jogo para reverter o placar, ou assegurar a vitória e/ou até mesmo para aplicar uma goleada no adversário. 

domingo, dezembro 08, 2024

6 x 7 - O DESAFIO DA PREFEITA MILENA COM A CÂMARA MUNICIPAL

Apesar da apoteótica vitória da prefeita Milena Damasceno (PT) sobre um grupo que estava enraizado no poder há 12 anos, o resultado da votação do seu grupo de vereadores através das siglas PT-PSD-MDB não foi de um todo satisfatório. Das 13 cadeiras do legislativo ipuense, sete ficaram com candidatos do Grupo Liberdade de Sérgio Rufino (PSB). 
Esse cenário inicial para um Prefeito sempre será desafiador, levando o dia 1º de janeiro - ocasião da eleição da Presidência Legislativa - a ser um dia marcado por cenas fortes na História política de Ipu.  

Teremos gol contra?

Em outros momentos, a primeira sucessão da mesa diretora do legislativo municipal foi marcada por adesões de um edil do grupo derrotado em apoio ao candidato do grupo situacionista. Nas rodas políticas de Ipu esse famoso “gol contra” sempre é esperado mediante o atrativo que tem a máquina pública municipal sobre esses edis alicerçados eleitoralmente em ações assistencialistas. Para estes, ficar sem um acesso direto as ações políticas da Prefeitura e suas secretarias, ou seja, no caso da mandatária maior (Milena) e do líder maior (Lindbergh Martins), é um caminho dificultoso para uma reeleição sua ao legislativo.

Quem poderia aderir a Praia?

Excetuando Zeca Rufino e Moreira Filho, respectivamente irmão e sobrinho do líder Sérgio Rufino, para qualquer um dos outros cinco edis seria natural uma adesão ao Grupo da Praia da prefeita Milena. Então, retirando os dois parentes do atual prefeito, os demais fazem política de cotidiano junto as suas comunidades e não por uma questão de laço familiar com chefes políticos. Nesse sentido a adesão dos demais seria uma forma de sobrevivência política, mesmo considerando que um ou outro tenha recursos próprios para fazer o básico na sua política do dia a dia. 

Sergio Rufino tenta segurar a base

Em um sinal claro que vai buscar truncar o jogo, o tio do hoje prefeito Robério, dois dias após a sua derrota eleitoral, reuniu os sete edis e buscando expô-los e comprometendo-os de público, fez registro fotográfico e gravou vídeo para as redes sociais com os mesmos afirmando compromisso de serem oposição e estarem unidos na próxima legislatura. Certamente o líder do grupo Liberdade seguirá monitorando de perto os seus sete parlamentares até o dia e as horas/minutos anteriores da eleição da nova mesa diretora da Câmara.

Cristina Peres candidata

Diferentemente de outras sucessões em que fez seu irmão Zeca Rufino várias vezes presidente sem dar espaço para outros edis do seu grupo, Sérgio Rufino teve como estratégia emergencial antecipar a indicação do seu candidato a presidência para o biênio 2025-2026. 

O lançamento de Cristina Peres se dá por dois motivos: uma forma de se contrapor ao seu irmão e vereador reeleito Edvan Peres (O Monga) - que, até segunda ordem, é o mais cotado para ser o candidato de Milena ao comando da Câmara - e, ao mesmo tempo, tentar fidelizar seu esposo e padrinho político Eduardo Ximenes que nesse 2024 abdicou de ser candidato. Em 2012, quando foi eleito pela bancada de oposição a Sérgio Rufino, Eduardo fez um histórico "gol contra" deixando de lado o grupo político que o elegeu votando em Zeca Rufino para presidente da Câmara. Não esquecendo também que o esposo de Cristina em 2016 retornou ao grupo de origem, mas depois, em 2017, mudou de lado político novamente. Mas Eduardo, após uma irrisória candidadura a prefeitura da vizinha cidade de Pires Ferreira com apenas 40 votos obtidos, ver-se agora obrigatoriamente fidelizado aos Rufinos com essa possibilidade de se hidratar politicamente através de um eventual protagonimso da esposa. 

Jogo duro até às 14h do dia 1º de janeiro

Sérgio Rufino sabe que perder a presidência da Câmara logo de início será algo comprometedor, abrindo caminho para mais perdas políticas nos próximos meses e gerando incertezas no seu futuro político na oposição ipuense. 
Portanto, da mesma forma que será um desafio para Milena também será para o ex-prefeito, ainda mais por que ele agora não terá mais a máquina municipal para jogar e manter um grupo de sete vereadores que se mantém vivos na política por ações de apoio cotidiano aos seus eleitores. Caso consiga manter a fidelidade, Sérgio sabe que terá que montar uma espécie de "Prefeitura Paralela" para manter esses edis nos próximos anos, tarefa essa facilitada se abocanhar o comando do Legislativo. 

Aguardemos as cenas fortes ou não da tarde do dia 1º de janeiro de 2025! 
(.....)

sábado, dezembro 07, 2024

O ENSAIO, O RECUO E A VINDA VITORIOSA DE LINDBERGH MARTINS NA POLÍTICA IPUENSE

Uma vez reeleito Prefeito de Jijoca de Jericoacoara em 2020, o ipuense Lindbergh Martins começou a mirar a política ipuense. Nos seus primeiros movimentos a via utilizada era a conexão familiar com seu primo e vereador Nonato Filho. Em 2021, o programa Fatos em Debate da FM Cidade e esse blogueiro aqui, começaram a destacar os movimentos políticos de Lindbergh e também dando publicidade aos seus feitos da Prefeitura de Jijoca. Ainda não havia a expressão Vai dar Praia, mas já se percebia que o líder político da cidade praiana era visto como alguém que, se realmente viesse militar na política de Ipu, seria competitivo se contrapondo aos já encaminhados doze anos de poder da Família Rufino. 

Nesse percurso inicial, notava-se que as alas de oposição se mostravam reticentes ou resistentes as suas primeiras movimentações políticas. O próprio Lindbergh não “entrava de sola” no jogo político e muitas das vezes - acredito que por suas obrigações como Prefeito em uma cidade relativamente distante da nossa região – “sumia” do cotidiano político da cidade. Enquanto isso, a oposição seguia com suas alas políticas de oposição: Os Carlos com Diego, os Mororós, Sávio Pontes e os Martins de Nonato na qual Lindbergh era teoricamente vinculado. 

O ensaio e a desistência em 2022.

Pleito para governador e deputado em pauta, Lindbergh chegou a projetar a possibilidade de lançar seu filho, Lindbergh Filho, como candidato à Deputado Federal com o apoio do PSD dos bem articulados Domingos de Tauá. Acredita-se que em meio a onerosa campanha que poderia ser e também o risco de queimar a largada com suas pretensões políticas futuras, Martins declinou da campanha do filho. Ato contínuo, o prefeito jijoquense fez parte da articulação das candidaturas à Deputado de Bruno Pedrosa (PDT) para Estadual e Eliane Braz (PSD) para Federal. Mas percebendo que não iria liderar essa coalizão que uniria o clã Mororó e os Martins de Nonato, Lindbergh se retirou da política ipuense e foi cuidar da campanha dos seus candidatos na cidade litorânea em que é gestor. 

A última imagem por ele deixada fora naquele final de ano foi de frustação, mediante uma polêmica declaração radiofônica na qual disse que setores da oposição "só pensavam em seu umbigo" e que "ficaria no seu canto" para não atrapalhar caso não precisassem dele. Com essa declaração e considerando a sua desconexão até com os setores da imprensa que o divulgavam, o “homem da praia” dava a entender que, até segunda ordem, não militaria mais na oposição de Ipu.

O sabático 2023: distante, mas de olho.

Colhidos os resultados da eleição de 2022, a oposição seguiu ainda sem um elemento agregador com suas alas, mas dois fatos novos surgiram: O líder situacionista e “prefeito” Sérgio Rufino saiu com derrotas nas urnas e Diego Carlos se fortaleceu ao encabeçar a vitoriosa campanha do governador Elmano em Ipu assumindo o comando do PT.

De longe, Lindbergh fazia a leitura que a oposição continuava sem um norte e que os Rufinos não só como gestores da prefeitura, mas também como políticos, estavam muito desgastados em seu comodismo de poder. O curioso é que nesse cenário até lideranças que eram do grupo político dos Rufinos, mas que estranhamente continuaram com eles na eleição de 2024, viviam constantemente em linha com Lindbergh encorajando-o para uma candidatura sua (diga-se de um familiar seu) nas eleições à prefeito que se aproximavam. Nas rodas de bar, cidadãos ipuenses seguiram "insultado" (via telefonemas em viva voz) para que o líder Jijoquense viesse para o Ipu. 

Os bastidores do início de 2024

Janeiro de 2024 chegou e as alas de oposição seguiam separadas e praticamente sem dialógo. Até mesmo Diego Carlos, agora cacifado pelo governista PT, continuava sem fazer política que desse confiança ao eleitorado anti-Rufino. Lindbergh, por sua vez e mediante esse cenário, resolveu se movimentar de cima para baixo, ou seja, junto aos caciques estaduais do PT e PSD. Com a sucessão municipal de Jijoca articulada, a qual teve a mão do influente deputado Romeu Aldigueri que propôs um irmão seu como candidato situacionista, Lindbergh focou de maneira mais decidida na eleição de Ipu. Certamente conversando com seus botões, sabia ele que muitas variáveis da política interiorana covergiam para a ainda oportunidade de ter papel central na sua terra natal.    

O prefeito praiano passou então a atuar em três frentes: Conseguir o apoio do governo do estado, diga-se do chefe-mor Camilo Santana que estava encarregado de conduzir o mapa petista nas eleições do interior, unir a oposição ipuense e arquitetar adesões de peso que estavam insatisfeitas com o monopólio de poder dos Rufinos. Tarefa essa feita com sucesso e de maneira acachapante entre janeiro e fevereiro desse ano, emergiu então a boa sacada de lançar sua esposa Milena Dasmasceno pelo chamativo PT ("o 13", o "partido do Lula") tendo como vice a vereadora Arlete Mauriceia (PSD). O "Vai dar Praia" veio com uma onda de adesões nos meses seguintes e a oposição se renovava e entrava competitiva no pleito eleitoral.

Um novo ator central na História Política de Ipu

Uma vez consumada a vitória no último dia 6 de outubro, Lindbergh Martins, com todo esse histórico de superação de incertezas, desapegos (diga-se: sucessão de Jijoca), sacrifício familiar, resiliência contra chantagens, resistências e tomadas de decisões na hora certa, é elevado à condição de líder de um novo grupo partidário e içado ao posto de protagonista de mais um capítulo da História da Terra de Iracema. Sua entrada em cena e o tempo de permanência irá agora depender de suas ações como gestor, agregador político e observador das variáveis (ou sinais) que o levarão a superação de inevitáveis obstáculos.  

sexta-feira, dezembro 06, 2024

AS ESTRATÉGIAS E AS FALHAS DE CAMPANHA DE SÉRGIO RUFINO EM 2024

Sérgio Rufino até janeiro desse ano acreditava que teria mais uma eleição fácil em Ipu mediante a desarticulação da oposição. Mesmo tendo perdido a eleição para governador em Ipu de 2022 ao apoiar Roberto Cláudio, e vendo que a oposição havia mostrado força com seus candidatos a deputado e se abraçado com a candidatura vitoriosa de Elmano de Freitas para o comando estadual com o PT, Rufino seguia com uma mescla de autoconfiança e soberba. 

A perda de influência junto ao governo estadual

As inevitáveis escolhas políticas de Sérgio Rufino em 2022 ao ser coordenador regional de campanha de Roberto Cláudio (PDT) ao governo e trocar Augusta Brito (PT) que fora apoiada por ele em 2014 e 2018 para deputada estadual, pelo cunhado Cláudio Pinho (PDT) - também considerando o resultado das eleições governamentais - o distanciaram do empoderado núcleo de comando do PT encabeçado pelo Senador Camilo Santana. Nesse sentido, a margem de manobra do agropecuarista "socialista" junto aos caciques estaduais ficou muito minguada em se tratando do tabuleiro político ipuense. Ademais, se desenhara uma nítida disputa de poder na região entre a agora Senadora Augusta Brito e Sérgio Rufino com suas ingerências nas sucessões municipais. 

Ele esperava Diego como candidato da oposição

Em sua estratégia, o chefe do grupo de situação acreditava que Diego Carlos que agora era o neolíder do PT na cidade, o qual já vinha de três derrotas eleitorais consecutivas para ele, seria, mais uma vez, o dócil candidato da oposição. De posse do também governista PSB, o ex-prefeito de Ipu em nenhum momento fez movimentos bruscos para tentar neutralizar o PT em Ipu, inviabilizando uma iminente quarta candidatura do filho do ex-prefeito Zezé Carlos. 

O fator surpresa Lindbergh

Com um grupo político ainda coeso, mesmo sabendo que haviam descontentamentos com o monopólio de poder da sua família, Sérgio não via do lado da oposição nenhum fato novo que o tirasse da zona de conforto eleitoral. Mas acabou sendo pego no contrapé, quando em uma jogada rápida, rasteira e certeira, o prefeito de Jijoca de Jericoacoara Lindbergh Martins uniu as alas da oposição, cooptou vereadores de peso do grupo situacionista e ainda se conectou com o governo petista via Senadora Augusta Brito. 

Ato contínuo, Sérgio acusou o golpe e demonstrou contrariedade em seus instáveis pronunciamentos e teve que rever os seus planos e montar estratégias emergentes para o pleito municipal. 

Teve que ser o candidato

O prefeito Robério Rufino teve que ser sacado da sua natural tentativa de reeleição por seu tio. Com um páreo duro pela frente e com as limitações de comunicação do sobrinho, Sérgio teve que ser o cabeça de chapa até como forma de dar mais confiança ao seu grupo mediante uma oposição mais articulada e com estrutura econômica nunca vista antes nas outras eleições que disputou. 

A dificuldade em achar uma Vice

Em um primeiro momento, o ex-prefeito de Ipu ainda tentou se aproximar de Diego Carlos e de sua mãe Toinha, vendo a possibilidade de tê-los na Vice de sua chapa. A procura foi tarde demais, os Carlos e Lindbergh Martins já tinham se alinhado de maneira irrefutável e com as bençãos do Senador Camilo Santana (PT). 

Mediante a chapa de oposição ser feminina (Milena e Arlete), era imprescindível que a vice do PSB também fosse uma mulher. De fevereiro até o inicio de agosto, Sérgio Rufino bateu a porta de empresários e de políticos (inclusive da oposição) com suas esposas, em busca de uma vice mulher como companheira de chapa. Sem saída, teve que se contentar com uma vice vinda do seu próprio grupo político, a quase desconhecida Betina esposa do ex-vereador Evaldo. Essa escolha em nada agregou a seu grupo e em nada enfraqueceu a chapa de oposição. 

Discurso ultrapassado contra Sávio Pontes

O eleitorado de Ipu mudou e não é mais aquele de 2012, 2016 e até de 2020. São novos anseios, novas demandas e novos atores sociais. A narrativa do grupo rufinista era colocar o ex-prefeito Sávio Pontes como o líder e articulador da oposição e que estaria buscando indiretamente voltar ao poder. Não colou! Todos sabem que o líder Lindbergh Martins e sua esposa Milena, tinham luz própria e que Pontes, apesar do parentesco, era um coadjuvante e não protagonista do projeto de campanha da oposição.

Não fiz e agora vou fazer

Tentando fazer aquilo que não é uma expertise sua, o candidato Sérgio Rufino fez uma imersão nas redes sociais e até no seu desvalorizado meio radiofônico. Através de lives e entrevistas, ele, sempre pecando pela ausência de carisma, buscava contraditoriamente prometer mudanças em setores administrativos que suas duas gestões e a de seu sobrinho prefeito falharam copiosamente. 

Fazer um pronunciamento de mea-culpa sobre falhas nos doze anos de comando sobre o Ipupoderia ser também um atestado de incompetência. Ilariante, por exemplo, foi uma das lives dedicadas ao turismo fazendo uma série de promessas sobre algo que nunca teve vocação para fazer. 

Por fim, foi um marketing ao estilo enxugar gelo, ainda mais com uma gestão cansada e previsível que estava no poder. 

Um exótico Bigode

Entre as muitas situações sem ou com pouca saída para Rufino, estava a busca de algo que lhe trouxesse uma identificação carismática. Era necessário se contrapor com o carisma da bela e jovem candidata Milena Damascena (PT) com a frase apelativa “Vai dar Praia”, a qual agregava sol, diversão e alegria. Restou à Sérgio Rufino o simbolismo do seu exótico bigode. Não foi uma boa ideia, pois o símbolo escolhido tem sua relação com a imposição da masculinidade e isso dentro de uma campanha onde as mulheres tinham o epicentro na oposição. 

Discurso nervoso

O emocional do líder Sérgio Rufino não estava dos melhores. Acuado pelas dissidências de vereadores e lideranças que o abandonaram por falta de espaço político, e pela primeira vez sendo realmente testado em uma eleição municipal bem como tendo que conviver com a “preferência de voto” para a oposição, o homem do “Bigode” caiu em campo buscando reverter uma derrota que se desenhava. 

Nos palanques o líder demonstrou ira contra os opositores ao invés de serenidade para seus (ou quase) eleitores. Usando termos desabonadores como “farofeiros” e “borra de café” com os seus não eleitores, ele ainda usou expressões pesadas como “fechar o caixão” e “enterrar a oposição” nos ataques aos seguidores do PT de Ipu. Sinais de um menino zangado que tinha perdido (ou estava perdendo) o brinquedo chamado poder. 

Faltaram apenas 552 votos?

Com apenas 1.102 votos de maioria para a candidata vencedora, certamente no cálculo da matemática alguém vai dizer: “Faltou 552 votos vindos de lá para Sergio Rufino ter vencido”. Mas a matemática eleitoral é diferente: não faltou só esses 552 e sim os 4.725 votos de maioria que o Clã Rufino teve nas eleições municipais de 2020. Os erros de gestão (veja postagem anterior no Blog) e o centralismo e a soberba política de Sérgio Rufino fizeram esses quase 5.000 votos se evaporarem. 

O ponto de inflexão para os Rufinos em meio as lições dadas por essa eleição é de que eles foram muito incompetentes, pois não se sai de uma eleição com 21% de maioria (4.725 votos) para uma outra quatro anos depois em que se perde com 3,9% para uma candidata que surgiu de surpresa na política local. A grosso modo, Sérgio-Tião-Zeca-Robério perderam praticamente 1/4 (25%) do antes eleitorado rufinista de Ipu.

quinta-feira, dezembro 05, 2024

OS PROBLEMAS E ERROS DA GESTÃO MUNICIPAL QUE LEVARAM À DERROTA DOS RUFINOS

Para onde foram os 4.725 votos de maioria que o Clã Rufino teve nas eleições municipais de 2020? 

Uma eleição municipal no molde interiorano ipuense não se perde necessariamente nos últimos dias que a antecedem, mas sim nas tomadas de decisões (ou a ausências delas) antes mesmo do percurso da campanha, considerando também que aqui tratamos da derrota de um grupo situacionista que comanda a prefeitura. 
 
Grupos que estão no poder, em tese, quase sempre perdem para si mesmo. No caso do Clã Rufino que estava no comando do Ipu há 12 anos, observando o poder financeiro que a máquina pública municipal tem, perdem por uma série de fatores negativos os quais a maior parte poderiam terem sido anulados ou atenuados. 

Afora problemas congênitos como o tempo de poder que já traz um desgaste natural a qualquer grupo dominante e o próprio jeito de ser do líder político Sérgio Rufino – nitidamente com ausência de carisma e com traquejos autoritários, vejamos agora outros fatores que pesaram para a derrota:


A previsibilidade:  O teórico terceiro mandato de Sérgio Rufino, não conseguiu sair do "mais do mesmo": asfalto, calçamento, pracinhas e piçarramentos nas estradas sertanejas. Nenhuma inovação, nenhum projeto que colocasse a gestão ou o Ipu com protagonismo regional foi apresentado. Em sua zona de conforto, Sérgio acreditava que anunciar "emendas parlamentares" com suas viagens à Brasília o colocava como um politico empoderado e preocupado com os "recursos" para o município, achando assim que isso era o maior diferencial do Ipu sobre o seu comando. 

O familiarismo: Irmãos e sobrinhos sempre estiveram em posição de comando na maioria das pastas e orgãos municipais, não esquecendo também dos anos de monopólio que Zeca Rufino exerceu sobre o comando da Câmara Municipal. Isso, com o tempo, se tornou um fardo que desgastou o grupo mandatário do Ipu. O cansaço do povo Ipuense com as mesmas caras de sempre e ainda buscando uma perspectiva de 16 anos no poder, também refletiu nas urnas. Faltou coragem para "Desrufinar" a gestão e oxigenar várias áreas da administração com sague novo. 

Os pertinentes gargalos da gestão:  Os muitos relatos de mal acolhimento/atendimento no Hospital Municipal, as constantes e não solucionáveis crises de abastecimento de água pelo SAAE, a falta de acesso e comunicação do Secretaria de Transporte, o desleixo com a Secretaria de Cultura, o fechamento por vários anos do Mercado Público, o Esporte resumido a simplórios campeonatos de futebol, e o centralismo de poder nas mãos do chefe de Gabinete Tião Rufino, também tiveram suas colaborações para o aumento do eleitorado de oposição. 

A querela dos concursados: Durante 11 anos, os Rufinos travaram uma guerra jurídica com mais de 500 concursados nomeados no final de 2012 pelo então prefeito Sávio Pontes. Exonerados logo no início do seu primeiro mandato, Sérgio Rufino se desgastou com grande parte desses propensos servidores públicos, usando de vários meios advocatícios pra impedir a posse destes no emprego. Essa querela chegou a um veredicto final no STF em Brasília exatamente nesse ano eleição em que Sérgio seria novamente candidato. Derrotado e tendo que engolir a posse destes, Rufino certamente foi vítima da vingança de muitos destes (incluindo seus familiares) na solitária cabine eleitoral. 

Falta de empatia com o eleitorado jovem - Sérgio Rufino tem sérios problemas de comunicação. Lhe falta carisma e o seu jeito turrão lembra os coronéis da República Velha. O líder maior dos Rufinos, assim como seus irmãos e o sobrinho Prefeito Roberio, ainda fazem política como se tivessem em 2012.... 2016, ou seja, batendo nos erros dos opositores e esquecendo de novas propostas. Sem projetos voltados para o protagonismo dos jovens ipuenses (estudantes secundaristas, universitários, propensos empreendedores e muitos destes sem perspectiva de trabalho na cidade....), os Rufinos foram duramente penalizados por esses quase 2/3 do eleitorado.

Distanciamento do povão: Sérgio Rufino em sua zona de conforto nunca fez uma aproximação mais incisiva dos setores populares e, em especial, dos mais carentes. Essa sua postura era seguida por vários dos seus secretários. Na prática nunca houve uma Ouvidoria Municipal, pois este cargo era preenchido por apadrinhados/familiares de vereadores ou suplentes. Não havia uma "escuta" para ser filtrada e analisada as insatisfações pertinentes.
Esse distanciamento foi preenchido pela rádio de oposição (FM Cidade - Programa Fatos em Debate com Hélio Lopes e Equipe), a qual também utilizando as redes sociais potencializava os reclames contra a gestão. 

O engodo do salário em dia: Fundamental nas eleições passadas, o discurso do salário pago em dia mediante os atrasos nas gestões anteriores a sua chegada ao poder em 2012, foi deixando de ser um capital eleitoral para os Rufinos. Os servidores foram jogados de lado ao longo dos anos, pois não se criou uma campanha de valorização salarial com bonificações, progressões, ganhos salariais acima da inflação e reajustes anuais para as categorias que ganham acima do salário mínimo. Para ser dado o único rateio do Fundeb (em 2021, no pós-pandemia), por exemplo, foi uma verdadeira novela e vinda com um anúncio sobre pressão após todos os municípios vizinhos já terem concedido.  

A Bica do Ipu fechada: Com acesso proibido para uma reforma no início de 2020, a maior identidade afetiva do povo ipuense foi vítima da falta grotesca de planejamento e de cuidado estratégico em um ponto tão delicado, agravado pelo fato do turismo já ter sido apagado nos dois primeiros mandatos de Sérgio Rufino. As trapalhadas na condução da obra com seu calendário de entrega constantemente desrespeitado, ainda mais para uma obra discreta e nada inovadora para o nosso maior cartão-postal, viraram uma espécie de vergonha municipal para o ipuense. Era comum vermos nas redes sociais as críticas de vários turistas do Ceará e até do país, que se decepcionavam ao serem proibidos de visitarem o "véu de noiva do Ipuçaba". Em pleno ano da eleição a incompetência ainda reinava com uma obra entregue pela metade e com seu restaurante ainda fechado para o público.  

Mídia apagada: É lógico que a gestão municipal tinha lá suas virtudes. Mas estas não foram massificadas para a população. Avanços quando ocorreram não foram devidamente explorados. Não havia uma coesão de narrativas, algo que é básico em todo marketing. As redes sociais eram desconectadas de outras mídias como o ainda essencial rádio. E por falar em rádio; as duas emissoras do grupo de situação (AM Iracema e FM Liberdade) nunca foram devidamente otimizadas para os feitos da Prefeitura, ademais os programas eram fracos de conteúdo e com apresentadores sem muito preparo e desprovidos de uma conexão com as ações das secretarias. 

Robério, um gestor limitado: Quando Sérgio Rufino colocou seu desconhecido sobrinho Robério como candidato em 2020, todos sabiam que o mesmo seria apenas um prefeito protocolar a serviço dos tios. Tímido e com um simplório vocabulário, Robério não acrescentou nada de novo a sua teórica passagem pela prefeitura. Sem luz própria, a postura social comedida e com pronunciamentos nada condizentes com aquilo que se espera de um chefe de executivo de uma cidade tradicional como o Ipu, o sobrinho em nada contribuiu para uma possível vitória do tio. Diferentemente de muitos gestores em evidência na nossa região que usavam as redes sociais para se comunicar com seus munícipes, Robério se sentia totalmente desconfortado quando tinha que usar esse tipo de mídia. 

quarta-feira, dezembro 04, 2024

ANÁLISE DA VOTAÇÃO - MILENA VENCEU NA SEDE, SERRA E PÉ DE SERRA. SÉRGIO RUFINO VENCEU NO SERTÃO

No domingo 6 de Outubro, Ipu (CE) vivenciou uma eleição municipal marcada por uma disputa apertada entre Milena Damasceno e Sérgio Rufino. Após a apuração das 117 urnas distribuídas em 46 locais de votação pelo município, incluindo as regiões da sede, serra, sertão e pé de serra, Milena Damasceno foi declarada vencedora com 14.519 votos, o que representa 51,97% dos votos válidos. Sérgio Rufino, seu principal oponente, obteve 13.417 votos, correspondendo a 48,03%. Houve ainda 295 votos brancos e 891 nulos. A abstenção foi registrada em 3.738 eleitores.

A vitória de Milena foi consolidada em 73 das 117 urnas, enquanto Sérgio liderou em 42 urnas. Duas urnas, uma na Escola Monsenhor Gonçalo (seção 27) e outra na localidade serrana de Mato Grosso (seção 59), terminaram empatadas, com ambos os candidatos obtendo o mesmo número de votos. Em termos de locais de votação, Milena triunfou em 27, enquanto Sérgio levou a melhor em 18. Houve um empate no distrito serrano de Várzea do Giló, onde ambos os candidatos receberam 532 votos cada.

Distribuição dos votos por região

A análise regional revela um equilíbrio interessante entre os candidatos. Na serra, Milena Damasceno obteve 2.712 votos, enquanto Sérgio Rufino ficou ligeiramente atrás, com 2.494 votos. Votos brancos e nulos somaram 83 e 212, respectivamente, com um comparecimento total de 5.501 eleitores.

No sertão, Sérgio Rufino superou Milena, recebendo 2.053 votos contra 1.876 de sua adversária. Foram registrados 29 votos brancos e 98 nulos, com 4.056 eleitores comparecendo às urnas.

Já na região de pé de serra, Milena Damasceno conquistou uma vantagem significativa, com 1.616 votos, enquanto Sérgio obteve 1.191. Votos brancos somaram 28, nulos 81, e o comparecimento foi de 2.916 eleitores.

Na sede, que representou o maior número de eleitores, Milena obteve uma vantagem clara com 8.315 votos contra 7.679 de Sérgio. Foram contabilizados 155 votos brancos e 500 nulos, com um total de 16.649 eleitores presentes.

Resultado geral

O desempenho de Milena Damasceno, principalmente na sede e na pé de serra, foi determinante para sua vitória. Mesmo com uma disputa apertada em várias urnas e uma ligeira vantagem de Sérgio Rufino no sertão, o apoio concentrado nas maiores zonas eleitorais garantiu o sucesso da campanha de Milena.

A eleição em Ipu (CE) mostrou uma divisão política clara entre as diferentes regiões do município, destacando o caráter competitivo e democrático do pleito. A nova prefeita terá o desafio de governar um município com eleitores divididos, mas com o desafio de unir forças.

Fonte: FAGNERFREIRE/Ipunotícias.com

terça-feira, dezembro 03, 2024

CÂMARA MUNICIPAL DE IPU TERÁ RENOVAÇÃO COM SEIS NOVOS VEREADORES ELEITOS

A eleição municipal de 2024 em Ipu resultou em uma significativa renovação na Câmara Municipal, com a entrada de seis novos vereadores, incluindo o retorno de um ex-parlamentar. Entre os atuais ocupantes das cadeiras legislativas, quatro não conseguiram se reeleger, e dois optaram por não disputar a reeleição, promovendo uma mudança no cenário político local.

Vereadores reeleitos

Sete dos treze vereadores garantiram sua permanência na Câmara para o próximo mandato. Dentre eles, Nonato Filho (PT), o mais votado entre os reeleitos, com 2.154 votos (7,64%), e Monga (PT), que obteve 2.064 votos (7,32%). Pelo PSB, Zeca Rufino (1.446 votos), Moreira Filho (1.232 votos), Raimundo Amaro (1.098 votos) e Ivan Moreira (978 votos) também garantiram a recondução aos seus cargos. O último a se reeleger foi Hilton Belém (PT), com 683 votos.

Novos rostos na Câmara

Entre os novos nomes que ocuparão cadeiras na Câmara Municipal de Ipu estão Cristina Peres (PSB), apadrinhada pelo ex-vereador Eduardo Ximenes, que obteve 1.227 votos, e Victor Gomes (PSB), com 987 votos, que contou com o apoio político casal o ex-vereador Evaldo Gomes e Betinha Oliveira, candidata a vice de Sérgio Rufino.

Além deles, a vereadora Joice Mororó (PT), com 1.021 votos, foi eleita com o respaldo de seu esposo, o ex-vereador Genésio Mororó e da irmã, a ex-vereadora Efigênia Mororó. Outro nome de destaque é o ex-vereador Elisafran Mororó (MDB), que conseguiu retornar ao legislativo ipuense ao alcançar 692 votos, com o apoio dos colegas de legenda, atingiu a média eleitoral.

Completam a lista de novatos os vereadores Farias Filho (PSD), com 920 votos, e Chagas Teteu (PDT), com 647 votos, ambos eleitos sem apadrinhamento político, representando uma renovação autônoma no cenário.

Vereadores que não conseguiram a reeleição

Quatro atuais vereadores não conseguiram renovar seus mandatos. Tia Olinda (PSB), com 666 votos, Sônia Pontes (PSB), que obteve 613 votos, Glaidson Martins (PSB), com 765 votos, e Conceição Araújo (PT), que alcançou 753 votos, não conseguiram garantir suas cadeiras.

Desistências e novas candidaturas

Dois vereadores optaram por não tentar a reeleição. Arlete Mauriceia (PSD) decidiu integrar a chapa majoritária vencedora como candidata a vice-prefeita ao lado de Milena Damasceno (PT), enquanto o ex-vereador Eduardo Ximenes (PP) concorreu ao cargo de prefeito de Pires Ferreira.

A nova composição da Câmara Municipal de Ipu reflete o desejo de renovação de parte dos eleitores, ao mesmo tempo que mantém lideranças tradicionais no poder. Com a entrada de novos nomes e o retorno de um ex-parlamentar, espera-se que o legislativo municipal seja um palco de importantes debates e decisões para o futuro da cidade.

Fonte: FAGNER FREIRE/Ipunoticias.com

andidatos a vereador eleitos

Nome de urnaPartidoVotos%
Nonato FilhoPT2.1547,64 %
MongaPT2.0647,32 %
Zeca RufinoPSB1.4465,13 %
Moreira FilhoPSB1.2324,37 %
Cristina PeresPSB1.2274,35 %
Raimundo AmaroPSB1.0983,89 %
Joice MororóPT1.0213,62 %
Victor GomesPSB9873,50 %
Ivan MoreiraPSB9783,47 %
Farias FilhoPSD9203,26 %
Elisafran MororóMBD6922,45 %
Hilton BelémPT6832,42 %
Chagas TeteuPDT6472,29 %