1987 - EMPRESÁRIO ZEZÉ CARLOS ENTRA NA POLÍTICA IPUENSE E ASSUME LIDERANÇA DA OPOSIÇÃO

Em 1986, surpreendentemente o candidato a governador Tasso Jereissate do PMDB, apoiado em Ipu pelo grupo herdeiro do Rochismo, obteve a maioria dos votos nas urnas da cidade vencendo Adauto Bezerra do PFL, candidato este que era apoiado pelas famílias situacionistas Pereira e Mororó - ala Morais - que comandavam o Executivo ipuense desde 1977. Um novo cenário na política ipuense se desenhava embalado pelos ventos das mudanças na política do Estado, que havia dado adeus ao ciclo dos coronéis Adauto Bezerra, César Cals e Virgílio Távora.

Essa vitória local e Estadual do candidato apoiado pelas forças oposicionistas do município, as encorajavam ainda mais para disputar o comando da Prefeitura no pleito que se aproximava e superar os traumas das derrotas de 1976 e 1982.

O vitorioso PMDB cearense tinha em Ipu o comando de Magela Aragão o qual era filho do ex-prefeito Antonio Ximenes Veras, apoiado pela Vereadora Madalena Pontes e também pelo empresário Zezé Carlos juntamente com várias lideranças políticas que faziam oposição ao prefeito Flávio Mororó. Era o novo Rochismo que ressurgia, mas sem o comando do Dr. Rocha Aguiar, pois o líder político já quase octogenário se encontrava desde a derrota de 1982 residindo em Fortaleza e arredio da vida partidária local.

Quando o empresário Tasso Jereissate assumiu o poder em 1987, foi logo tratando de se fortalecer no interior do Estado fazendo alianças esdrúxulas com políticos que outrora comungavam no coronelismo do PDS e PFL, descaracterizando em algumas cidades, inclusive em Ipu, o grupo político que o havia apoiado na eleição passada. Prefeitos interioranos que se tornaram Tassistas de última hora eram sempre bem vindos.

A lacuna a ser preenchida com a saída do Dr. Rocha Aguiar do cenário político fez aparecer novos nomes que se propunham a assumir a liderança da oposição. Foi nesse contexto que surgiram os nomes de Raimundo Camelo Madeira, Maurício Xerez e de Zezé Carlos, todos já precocemente pré-candidatos a prefeito. Raimundo Madeira, irmão do saudoso Vereador Gerardo Camelo Madeira, chegou até a fazer corpo a corpo nas ruas de Ipu, distribuir camisas com seu nome estampado e fazer reuniões com alguns líderes rochistas intermediadas por seu pai Jorge Madeira.
A aproximação do líder político Magela Aragão, que comandava o diretório do PMDB de Ipu, ao ex-prefeito e pré-candidato Milton Pereira do PFL, criou uma ruptura nos herdeiros do Rochismo, levando o empresário Zezé Carlos e a vereadora Madalena Pontes a fundarem o PTB (Partido Trabalhista Brasileiro).

A eleição municipal de 1988 se aproximava e o murmúrio das ruas apontavam Milton Pereira como candidato a prefeito pelo PFL. O único entrave para a homologação do seu nome era o fato do Prefeito Flávio Mororó, ser pressionado por familiares para que indicasse o nome de seu cunhado o médico Eduardo Bezerra. Após várias reuniões marcadas pelo nervosismo, a influência política da família Pereira foi mais forte e o nome de Milton foi confirmado pelo PFL
Enquanto isso, a esquerda ipuense articulava a candidatura do professor Luciano Paiva pelo PT. Este relutava para que a educadora Natália Viana viesse compor sua chapa como candidata a vice-prefeita. O petista e professor da UFC, acabou conquistando o apoio da advogada Cleide Lima para ser a Vice de sua chapa.

Os Rochistas ficaram abalados com a dissidência de setores do PMDB que indicou Magela Aragão Ximenes para ser o vice da chapa de Milton Pereira. Magela traíra suas origens políticas e em um lance inesperado, arquitetado pelo seu tio Augusto Aragão, o "D.O", fez a paradoxal aliança do PMB (fundado as pressas pelos dissidentes do PMDB) com o PFL dos Pereiras e Mororós, para os quais seu honrado pai Antônio Ximenes Veras havia combatido politicamente em pleitos passados. 
Restara agora a congruência da oposição que, naquele momento, se fez entender que somente a força econômica do PTB de Zezé Carlos reforçado pela sua competência empresarial seria capaz de enfrentar o poderio da máquina pública municipal, a qual agora contava também com o antagônico apoio de Tasso Jereissate representado pelo PMB ipuense. Lembramos que essa recém criada legenda partidária foi arquitetada pelo grupo político de Tasso Jereissati para acomodar adesistas de última hora. Em Ipu o PMB foi curiosamente germinado do próprio PMDB local.

Em janeiro de 1988 os debates em torno da sucessão municipal estavam a agitar a cidade. O palco da política local era gradativamente armado e os principais atores se aprontavam para o grande público. Seria mais uma página na empolgante história da acirrada política local .