quarta-feira, julho 31, 2019

“É IVO NESSA!” CONTRA A CANOA DOS RODRIGUES

Ivo Gomes e Moses Rodrigues

Alavancado após sua plausível administração em Sobral, Cid Gomes seria eleito Governador do Estado do Ceará em 2006. Contando com o aval do presidente Lula e também com um “apoio branco” do agora Senador Tasso Jereissati, o qual abandonou o candidato do PSDB, Lúcio Alcântara, que tentava a reeleição, Cid seria, portanto, o segundo Ferreira Gomes a comandar o executivo estadual. A não candidatura de Ciro Gomes a presidência da republica naquele ano, pavimentou um aliança com o PT de Lula que naquele momento era o maior cabo eleitoral no Nordeste.  
Em 2014, Cid, já depois de reeleito ao comando do Palácio da Abolição sem dificuldades, fez de Camilo Santana (PT) seu sucessor. 

Enquanto isso na Princesa do Norte uma nova liderança despontaria. Tipicamente burguesa e com um histórico de ascensão econômica por sua esplendida visão empresarial, a família Rodrigues liderada pelo empresário Oscar Rodrigues Júnior, ganhou força econômica e prestígio com as Faculdades Inta (depois Uninta), uma das maiores do interior do Nordeste com sede em Sobral. Em 2014, Moses Rodrigues, foi eleito Deputado Federal pelo PMDB, se projetando como uma referência na oposição ao clã dos “Irmãos FGs” e virtual candidato a Prefeito de Sobral em 2016. 
Diferentemente de muitos empresários locais que evitam qualquer embate com Cid Gomes, Oscar e filhos corajosamente ocupariam um espaço até então vazio na oposição e que não foi devidamente ocupado pelo ausente Dr. Guimarães após sua derrota. O grupo Uninta que tem sua sede administrativa localizada a margem direita do Rio Acaraú começou a cooptar edis, radialistas renomados e cabos eleitorais que "embarcavam na canoa" do iminente candidato Moses Rodrigues e passavam para a outra margem ribeira da política sobralense. 

Nas eleições municipais de 2016, o candidato Ivo Ferreira Gomes representaria a continuidade da hegemonia dos seus irmãos nas terras da Caiçara. Com o slogan “É Ivo Nessa!”, o irmão de Cid vinha de experiências administrativas como Secretário de Estado e Deputado Estadual. Carismático e com um discurso moderado, porém com tiradas sarcásticas que lhe são peculiares, o candidato tinha a seu favor o apoio da influência da máquina pública municipal e estadual. 
Alertados por pesquisas de consumo interno e mediante a “canoa” dos Rodrigues que de vez em quanto vinha para a outra margem do rio Acaraú embarcar um adesista de última hora, os Irmãos Ferreira Gomes acreditavam que, assim como nas eleições de 2012, a divisão da oposição seria imprescindível para uma nova vitória eleitoral. Mas quem poderia cumprir esse papel?
O mesmo Dr. Guimarães que em 2012 deu “um susto” no candidato Clodoveu Arruda, sairia novamente pleiteante ao executivo sobralense. Ficou patente, sobretudo depois da abertura das urnas que deram uma vitória com 51,4% dos votos para Ivo Gomes (PDT), que a divisão das oposições foi um fator importante para o não êxito da mesma, mais uma vez. 

Moses Rodrigues (PMDB) ficou com 40,1% dos votos numa demonstração também da força econômica advinda do poder empresarial da sua família. Outro fato que se repetiu, assim como em 2012, foi a que a votação urbana deu maioria para os votos da oposição.
Guimarães (PSDB), ao final com seus 8.917 votos (7,9%), acabaria por muitos correligionários dos Rodrigues, acusado de ter feito o habitual jogo estratégico dos astutos Ferreira Gomes em dividir a oposição e desidratar uma possível única referência como candidato de oposição. 

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