Você já imaginou toda a população do município de Guaramiranga abrigada dentro do prédio principal da Assembleia Legislativa do Ceará? Parece inacreditável, mas a folha de pagamentos da Assembleia atualmente tem mais de 5 mil servidores.
Se todos os servidores da folha estivessem fisicamente nesse local, haveria um completo estrangulamento da estrutura. Mas nem todos os milhares de nomes da extensa lista são lotados em Fortaleza. Alguns prestam serviço à distância e estão lotados em cidades do interior do estado.
Até aí, tudo certo. Mas será que toda essa gente de fato está prestando serviço? O Jornal Jangadeiro, da TV Jangadeiro/SBT, pegou como exemplo a Campanha Ceará Sem Drogas, uma espécie de comissão criada pelo presidente da Casa, deputado Zezinho Albuquerque (PDT), para mobilizar o Estado em torno desse problema. Nesse grupo de trabalho, estão lotadas 97 pessoas.
A TV Jangadeiro pesquisou os nomes dessas pessoas. O primeiro que aparece na lista é Abraão de Aquino Guimarães, que não mora em Fortaleza e sim em Sobral. Por telefone, perguntou se ele trabalhava para a Assembleia. Ele se negou a passar informação. “Por que você quer saber, rapaz, meus dados? Rapaz, o que é que você quer? É entrevista? Entrevista ao vivo, homem!”, contestou. A produção perguntou se poderia marcar uma entrevista em sua casa. “Rapaz, você pode ir hoje. Vai ter um terço lá, é bom que eu te curo logo de todos os seus malignos”, retrucou.
Outros integrantes da família de Abraão estão lotados em outros setores da Assembleia. O tio dele, José Tupynambá Moraes de Aquino, é funcionário da Consultoria Parlamentar. A reportagem ligou para esse setor, mas não sabem quem ele é.
José Tupynambá mora em Sobral. Para tirar a dúvida, a produção ligou para ele, que se esquivou e não respondeu a nenhuma das perguntas. “Como eu vou lhe dar uma resposta se eu não lhe conheço?”, indagou.
Outras duas mulheres da mesma família trabalham na Ouvidoria da Casa e na Comissão de Altos Estudos. A produção tentou contato, mas as ligações não foram atendidas.
A mesa diretora da Casa diz que as nomeações acontecem, em sua maioria, por determinação do presidente. Mas explica que nem todos precisam atuar no prédio da Assembleia.
A prática de nomeação, que é conhecida como apadrinhamento político, e a falta de transparência na gestão da folha da Assembleia não são novidades. E ainda tem conivência de praticamente todos os deputados e partidos. Quando questionados sobre o controle dos funcionários, os parlamentares que compõem a mesa evitam fazer comentários.
Se os indícios forem comprovados, os gestores podem ser julgados por improbidade administrativa. Veja mais detalhes no vídeo.
Fonte Tribuna do Ceará
Um comentário:
Na lista dos funcionários fantasmas é fácil encontrar pessoas de Ipu, Pires Ferreira e Reriutaba.
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