MONITORAR A AMEAÇA
No cálculo dos Marques, hoje representados pela prefeita Dra. Lívia (PSB), e sabendo que o piresferreirense prefeito estava pleiteando participar mais diretamente da sucessão municipal local de 2024, deixá-lo solto se movimentando seria perigoso. Daí, como estratégia, resolveram atrair Amaro para o seu ninho político e estudar de perto suas intenções, monitorando-o e até o enfraquecendo para uma eventual investida sua em 2028. Para consolidar essa aproximação, deram-lhe espaço para a candidatura da irmã de Amaro, Samara, na eleição piresferreirense passada para vereadora, filiando-a ao PSB, que eles controlam o diretório local. Cogitou-se até dar a família de Amaro a Vice da chapa, mas por medida de extrema segurança e para não deixar margem para essa pretensão, repatriaram a carismática ex-prefeita Marfisa Aguiar para ser a companheira de chapa de sua concunhada Lívia.
PESCOÇO GROSSO
Nesse percurso, Amaro se empoderou e ganhou uma grande visibilidade estadual e até musculatura dentro do PT cearense. Reeleito prefeito com impressionante 92% dos votos, ele se projeta como uma liderança regional, estudando ser candidato a deputado em 2026 pela sigla vermelha que incentiva o surgimento de novas lideranças em seus quadros. Samara, por sua vez e com as bençãos do irmão, foi a vereadora eleita mais votada em Pires Ferreira com sonoros 1.140 votos (15%).
Ato contínuo, após os triunfos eleitorais de 2024, Amaro ficou com mais poder de barganha para controlar a Câmara Municipal e colocar apoiadores em cargos estratégicos na gestão da prefeita reeleita Lívia. Os Marques fizeram um novo cálculo e deram à ainda inexperiente Samara a presidência do legislativo de Pires Ferreira nesse primeiro biênio (2025-2026). Essa tomada de decisão não foi fácil para a família do Professor Marques, em meio a divergências internas e a frustração de vereadores do grupo da Prefeita que pleiteavam o comando da Câmara. Porém, e aquela altura, era ainda necessário ceder para controlar os Amaros e tirar a prova dos nove em termos de fidelidade, deixando assim o estratégico segundo biênio para algum dos vereadores de maior confiança.
BALA TROCADA
Início de 2025 e um novo jogo começou. Nos primeiros dias da nova gestão de Lívia, percebia-se que espaços no comando das Secretarias de Pires Ferreira, Samara e seu irmão não teriam poder de indicação, como assim esperavam. Nomes ligados a nova chefe do parlamento municipal, cotados para assumirem ou até continuarem como Secretários, foram excluídos das novas nomeações da gestão da Prefeita. Do outro lado, o empoderado Amaro e sua irmã presidente buscaram ter autonomia em todos os cargos do Poder Legislativo, exonerando pessoas ligadas aos Marques.
NÃO SE ENQUADROU, ENTÃO SAIA
Marcos Paulo, marido da prefeita Lívia e articulador político do grupo situacionista, mediante a virtual perda de influência no Legislativo, reagiu, achando que era hora de demarcar território e cortar a cabecinha colocada de fora por parte de Amaro, que controla a caneta da irmã vereadora. Irredutível, Marcos sentiu logo de imediato o já esperado: havia ali uma disputa de espaço político onde o "intruso" convidado estava pronto para bater de frente logo nos primeiros minutos da partida.
Em meio a negativas e ausência de retornos de contato de ambos os lados, o clima ficou tenso naqueles primeiros dias de janeiro.
Uma reunião com a bancada de 7 dos 9 vereadores foi feita no início da semana, e o recado dos Marques foi dado: “Amaro e Samara não fazem mais parte do nosso grupo”, fazendo valer a máxima de que o mal se corta pela raiz.
ENCURRALADO
A eleição de Pires Ferreira em 2028 já começou a ser desenhada. Fica uma verdade já escrita: se o Prefeito de Ipaporanga recuar e pedir arrego, expõe o perfil de um político desarticulado e que, acuado, foge do embate. Críticos dele afirmam que ele não tem ainda luz própria e obedece ordens de um mentor político que lhe deu pernas para se tornar prefeito.
Ficará também uma outra verdade a ser ainda consolidada: O emergente Prefeito Amaro, se seguir com altivez e demarcando território com o suporte da sua prefeitura serrana, nesse contexto atual, é sim uma verdadeira ameaça ao clã familiar que administra o ex-distrito de Ipu desde 2005. Sendo assim, seria hora de mostrar que tem brilho próprio.
Conclusão: alguém está sabendo jogar melhor que o outro nessa disputa de espaço político e demarcação de território. No protagonismo da dura política interiorana os fracos não tem vez.
Análise política do Historiador Kléber Teixeira (Blog do KT)
Nenhum comentário:
Postar um comentário