domingo, janeiro 19, 2025

OS CÁUCULOS E AS MOVIMENTAÇÕES POLÍTICAS DE CID GOMES PARA A SUCESSÃO GOVERNAMENTAL

Cid Gomes (PSB) sabe que dificilmente a eleição governamental de 2026 terá novamente a onda Lula, a qual levou Elmano de Freitas (PT) à vitória logo no primeiro turno em 2022. Sabe ele também que o governador tem dificuldades de sair da sombra de Camilo Santana (PT) e, ao mesmo tempo, ter uma aprovação significativa dos cearenses sobre seu governo que pavimente sua iminente tentativa de reeleição. Ademais, o governo de Lula não navega em mares tão tranquilos de popularidade, faltando já menos de dois anos para uma recuperação de aceitação para o continuísmo petista ao nível nacional.

Olhando para o eleitorado à direita, o político sobralensee ex-governador percebe que o eleitorado conservador e até o de centro está órfão de um nome competitivo. O jovem e fiel bolsonarista André Fernandes (PL), que deu um susto no PT na sucessão municipal de Fortaleza, não tem idade eleitoral para se candidatar ao governo e nem o Senado. Capitão Wagner (UB) já vem arranhado com várias derrotas e continua filiado a um partido rachado em ser ou não aliado ao PT. O Senador Eduardo Girão (Novo), que teve menos de 5% dos votos na última eleição da capital cearense, é outro nome que não converge para unir a direita e o centro.  

Então, é isso que Cid Gomes está lendo: há um espaço político-eleitoral entre esquerda e direita para ele jogar suas cartas e tomar de Camilo Santana o posto de maior liderança política do Ceará. Isso deixa claro que por uma questão de sobrevivência política, já está em curso uma virtual rota de colisão entre os dois senadores.

Musculatura e controle do PSB

Nesse próximo mês de fevereiro, uma dezena de Deputados Estaduais deverão estar efetivamente deixando o PDT e se filiando ao PSB. Dentre eles, o presidente da Assembleia, Romeu Aldigheri. Esse grupo de parlamentares são todos fiéis a Cid Gomes e, somados a 65 prefeituras que o partido socialista tem, darão mais ainda musculatura a ele para a sucessão governamental de 2026. Em outra frente, o influente Senador tem padrinhos na cúpula nacional do PSB e membros em seu diretório para, a qualquer momento, tomar a presidência da sigla de Eudoro Santana, colocado lá por influência do seu filho o ministro Camilo Santana (PT).

Cooptações estratégicas

Percebendo que Luizianne Lins anda explicitamente descontente com o seu PT e principalmente com Elmano e Camilo que tiraram dela a possibilidade de candidatura à prefeitura de Fortaleza para colocar o neopetista Evandro Leitão, Cid já iniciou uma oportuna aproximação com ela. Deixando de lado o retrovisor com um histórico de desavenças com a “Loira do PT” e sabendo das suas pretensões de sair candidata ao Senado, o Ferreira Gomes já deve ter feito convite para se unirem.

Em outra frente, o ex-governador cearense busca reatar com Roberto Cláudio que está de saída do PDT. Enfraquecido na derrota para o governo em 2022 e na tentativa de reeleição do seu aliado José Sarto em Fortaleza, RC está disposto a ir para um embate contra seus maiores desafetos hoje na política cearense: Camilo e Elmano.

O bote na hora certa

Nesse ano de 2025, Cid continuará dando sinais de que pode sair candidato ao governo com seu nome sendo avaliado em pesquisas eleitorais, embora negue. No tabuleiro político, ele sabe que o PT cearense hoje precisa dele com seu poder de articulação e que ele, por sua vez, precisa dos seus amigos vermelhos cearenses que comandam o governo federal, estadual e agora também a prefeitura de Fortaleza. Todo político que entende do jogo vai fazendo suas jogadas à medida que os cenários propícios vão se apresentando.

Ainda é cedo para dizer que haverá uma ruptura para o primeiro turno da sucessão ao governo dentro da esquerda e centro-esquerda cearense, pois novos cenários podem até surgir. Aguardemos os novos capítulos, ou seja, as novas mexidas no interessante tabuleiro partidário para 2026 que já está em pauta dando picos de temperatura alta. 

Análise política do Historiador Kléber Teixeira (Blog do KT)

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