Esse grupo abandonou o PT quatro anos atrás principalmente por causa das denúncias de corrupção, mas é simplista parar por aí. As denúncias de Roberto Jefferson em 2005 não impediram o petismo de sobrepujar, e bem, os adversários em 2006 e 2010. As ações foram julgadas e as condenações, proferidas no primeiro mandato de Dilma. Mesmo assim, ela conseguiu um segundo quadriênio.
A fórmula explosiva que levou ao impeachment dela teve não um, mas dois ingredientes: a Lava-Jato e a recessão. Governos até se salvam de escândalos quando têm sólida base político-parlamentar e a economia caminha pelo menos razoavelmente, do ângulo do povão. Quando a economia engasga, a intolerância com denúncias de malfeitos cresce aceleradamente. Aconteceu em 2015-16.
A economia costuma comandar, mesmo quando outras variáveis têm mais visibilidade. O mecanismo parece repetir-se. Segundo as pesquisas, a percepção de melhora no cenário econômico começa a mexer nos nos índices de aprovação do governo. Será uma surpresa se isso não repercutir em algum grau nas intenções de voto do candidato à reeleição. Mesmo enredado em outras polêmicas.
A recuperação econômica era previsível, e foi prevista, pela volta completa das atividades produtivas e comerciais, mesmo que a Covid-19 ainda esteja matando por aqui mais de duas centenas por dia. Mas isso aparentemente deixou de ser notícia. Ajudam também as exportações anabolizadas pelo câmbio, mesmo com a tormenta econômica global provocada em torno da guerra na Ucrânia. E a recuperação vem acompanhada da queda do desemprego.
Até semanas atrás, o que travava a sensação de melhora era a inflação resistente, mas a conjugação das medidas agressivas para baixar o preço dos combustíveis com o igualmente agressivo aperto monetário promovido pelo Banco Central parece estar contendo a alta dos preços. É provável que a eleição transcorra num ambiente de emprego em recuperação e menos inflação.
Resta saber se haverá tempo para que a virada na conjuntura econômica se cristalize nas intenções de voto — e no voto. O tempo teoricamente é curto, mas em períodos eleitorais ele costuma correr de modo diferente.
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