"É uma disruptura desagradável que foi produzida por falta de escrúpulos do Lula, convidando Camilo para ser ministro do governo que ele já ganhou", disse Ciro, ressaltando a ironia no termo "já ganhou".
Para o presidenciável, foi esse suposto convite de Lula que mobilizou a crise – referência que Ciro já havia feito em relação a Camilo Santana e Lula, ainda antes do racha dos partidos.
A aliança estadual entre PT e PDT chegou ao fim em julho, após 16 anos de parceria na gestão. A crise foi deflagrada pela definição da candidatura ao Governo do Estado. Entre quatro candidatos, dois ganharam força: o ex-prefeito de Fortaleza Roberto Cláudio e a governadora Izolda Cela.
Desde maio, aumentaram as manifestações públicas de apoio a Izolda, principalmente de lideranças de partidos aliados, como MDB e PP, e ameaças de abandono da aliança caso Roberto Cláudio fosse o escolhido. Em votação do diretório estadual, em julho, Roberto Cláudio teve maioria de votos. Dias depois, o PT anunciou candidatura própria, sob articulação de Camilo e Lula, e Izolda deixou o partido.
O ex-ministro ainda faz uma sequência de referências a suportes que deu a Camilo Santana, desde que foi escolhido para concorrer à sucessão do ex-governador Cid Gomes (PDT).
"Sei o que eu fiz pelo Camilo. (...) Francamente, não acho que eu merecesse do Camilo essa deslealdade de nem sequer me comunicar, sabe, coragem de dizer assim: 'mudei de ideia, agora eu vou com Lula", ressaltou Ciro, acrescentando que teria respondido: "seja feliz".
"Ela ainda insistiu para ser votada no diretório quando pedi mil vezes um acordo, foi votado nominalmente a pedido dela, na data que ela pediu e ela perdeu, e eu sou o responsável por isso? Aí no dia seguinte, jogando todo o processo fora, e claramente alinhada com o PT, e não mais conosco – coisa que me chocou no plano pessoal, mas isso é problema meu –, e sai do partido?. Se for justo isso ok", afirmou.
FERREIRA GOMES
O desgaste no grupo político rendeu rusgas também na família. Desde o acirramento entre Roberto Cláudio e Izolda, o senador Cid Gomes está afastado de articulações públicas. Ele não deu declarações ou participou de qualquer ato do partido, nem mesmo da convenção que oficializou o nome de Ciro como candidato.
Em outra ponta, o prefeito de Sobral e irmão mais novo de Cid e Ciro, Ivo Gomes tem dado declarações polêmicas sobre a crise.
Na véspera da votação, Ivo disse ao colunista do Diário do Nordeste Inácio Aguiar que Cid defendia o nome de Izolda. Depois do racha, voltou a causar polêmica ao atribuir a Ciro os danos à aliança.
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