sábado, dezembro 07, 2024

O ENSAIO, O RECUO E A VINDA VITORIOSA DE LINDBERGH MARTINS NA POLÍTICA IPUENSE

Uma vez reeleito Prefeito de Jijoca de Jericoacoara em 2020, o ipuense Lindbergh Martins começou a mirar a política ipuense. Nos seus primeiros movimentos a via utilizada era a conexão familiar com seu primo e vereador Nonato Filho. Em 2021, o programa Fatos em Debate da FM Cidade e esse blogueiro aqui, começaram a destacar os movimentos políticos de Lindbergh e também dando publicidade aos seus feitos da Prefeitura de Jijoca. Ainda não havia a expressão Vai dar Praia, mas já se percebia que o líder político da cidade praiana era visto como alguém que, se realmente viesse militar na política de Ipu, seria competitivo se contrapondo aos já encaminhados doze anos de poder da Família Rufino. 

Nesse percurso inicial, notava-se que as alas de oposição se mostravam reticentes ou resistentes as suas primeiras movimentações políticas. O próprio Lindbergh não “entrava de sola” no jogo político e muitas das vezes - acredito que por suas obrigações como Prefeito em uma cidade relativamente distante da nossa região – “sumia” do cotidiano político da cidade. Enquanto isso, a oposição seguia com suas alas políticas de oposição: Os Carlos com Diego, os Mororós, Sávio Pontes e os Martins de Nonato na qual Lindbergh era teoricamente vinculado. 

O ensaio e a desistência em 2022.

Pleito para governador e deputado em pauta, Lindbergh chegou a projetar a possibilidade de lançar seu filho, Lindbergh Filho, como candidato à Deputado Federal com o apoio do PSD dos bem articulados Domingos de Tauá. Acredita-se que em meio a onerosa campanha que poderia ser e também o risco de queimar a largada com suas pretensões políticas futuras, Martins declinou da campanha do filho. Ato contínuo, o prefeito jijoquense fez parte da articulação das candidaturas à Deputado de Bruno Pedrosa (PDT) para Estadual e Eliane Braz (PSD) para Federal. Mas percebendo que não iria liderar essa coalizão que uniria o clã Mororó e os Martins de Nonato, Lindbergh se retirou da política ipuense e foi cuidar da campanha dos seus candidatos na cidade litorânea em que é gestor. 

A última imagem por ele deixada fora naquele final de ano foi de frustação, mediante uma polêmica declaração radiofônica na qual disse que setores da oposição "só pensavam em seu umbigo" e que "ficaria no seu canto" para não atrapalhar caso não precisassem dele. Com essa declaração e considerando a sua desconexão até com os setores da imprensa que o divulgavam, o “homem da praia” dava a entender que, até segunda ordem, não militaria mais na oposição de Ipu.

O sabático 2023: distante, mas de olho.

Colhidos os resultados da eleição de 2022, a oposição seguiu ainda sem um elemento agregador com suas alas, mas dois fatos novos surgiram: O líder situacionista e “prefeito” Sérgio Rufino saiu com derrotas nas urnas e Diego Carlos se fortaleceu ao encabeçar a vitoriosa campanha do governador Elmano em Ipu assumindo o comando do PT.

De longe, Lindbergh fazia a leitura que a oposição continuava sem um norte e que os Rufinos não só como gestores da prefeitura, mas também como políticos, estavam muito desgastados em seu comodismo de poder. O curioso é que nesse cenário até lideranças que eram do grupo político dos Rufinos, mas que estranhamente continuaram com eles na eleição de 2024, viviam constantemente em linha com Lindbergh encorajando-o para uma candidatura sua (diga-se de um familiar seu) nas eleições à prefeito que se aproximavam. Nas rodas de bar, cidadãos ipuenses seguiram "insultado" (via telefonemas em viva voz) para que o líder Jijoquense viesse para o Ipu. 

Os bastidores do início de 2024

Janeiro de 2024 chegou e as alas de oposição seguiam separadas e praticamente sem dialógo. Até mesmo Diego Carlos, agora cacifado pelo governista PT, continuava sem fazer política que desse confiança ao eleitorado anti-Rufino. Lindbergh, por sua vez e mediante esse cenário, resolveu se movimentar de cima para baixo, ou seja, junto aos caciques estaduais do PT e PSD. Com a sucessão municipal de Jijoca articulada, a qual teve a mão do influente deputado Romeu Aldigueri que propôs um irmão seu como candidato situacionista, Lindbergh focou de maneira mais decidida na eleição de Ipu. Certamente conversando com seus botões, sabia ele que muitas variáveis da política interiorana covergiam para a ainda oportunidade de ter papel central na sua terra natal.    

O prefeito praiano passou então a atuar em três frentes: Conseguir o apoio do governo do estado, diga-se do chefe-mor Camilo Santana que estava encarregado de conduzir o mapa petista nas eleições do interior, unir a oposição ipuense e arquitetar adesões de peso que estavam insatisfeitas com o monopólio de poder dos Rufinos. Tarefa essa feita com sucesso e de maneira acachapante entre janeiro e fevereiro desse ano, emergiu então a boa sacada de lançar sua esposa Milena Dasmasceno pelo chamativo PT ("o 13", o "partido do Lula") tendo como vice a vereadora Arlete Mauriceia (PSD). O "Vai dar Praia" veio com uma onda de adesões nos meses seguintes e a oposição se renovava e entrava competitiva no pleito eleitoral.

Um novo ator central na História Política de Ipu

Uma vez consumada a vitória no último dia 6 de outubro, Lindbergh Martins, com todo esse histórico de superação de incertezas, desapegos (diga-se: sucessão de Jijoca), sacrifício familiar, resiliência contra chantagens, resistências e tomadas de decisões na hora certa, é elevado à condição de líder de um novo grupo partidário e içado ao posto de protagonista de mais um capítulo da História da Terra de Iracema. Sua entrada em cena e o tempo de permanência irá agora depender de suas ações como gestor, agregador político e observador das variáveis (ou sinais) que o levarão a superação de inevitáveis obstáculos.  

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