VOTOS CONCENTRADOS
Na primeira, percebe-se que metade dos deputados federais eleitos pelo Ceará, em 2018, adotou a tática da concentração da maior parte dos votos em municípios-chave. Onze parlamentares eleitos tiveram ao menos 40% dos votos recebidos em até três cidades. Ao todo, o Estado tem 184 prefeituras. Há casos mais impactantes, como é o da deputada federal Luizianne Lins (PT), que, de todos os votos recebidos, obteve 70,37% em apenas duas cidades do Estado: Fortaleza e Caucaia.
O mesmo berço eleitoral da petista é compartilhado por Capitão Wagner (Pros), que conquistou 65,19% dos votos nos dois municípios, e por Célio Studart (PV), que conseguiu 64,34% dos sufrágios na região da Grande Fortaleza. Os dados mostram como o "apreço" por um território faz a diferença na contagem final dos votos. Essa base, costumeiramente, não é abandonada pela liderança política custe o que custar. Seja através do envio de emendas parlamentares, da prestação de um favor ou do compartilhamento de um simples café na mercearia, o parlamentar faz questão de estar presente na região e de manter a rede de relações com lideranças comunitárias.
O deputado federal Júnior Mano (PL) recebeu 41,13% dos votos em três prefeituras. Uma delas é Nova Russas, administrada pela esposa.
VOTOS ESPALHADOS
Contudo, não são todos os deputados que têm a força necessária em prefeituras robustas eleitoralmente. Na segunda estratégia identificada pelo mapa, a fragmentação dos votos parece ser um caminho para a vitória nas urnas.
Relator do Orçamento do Governo Federal de 2020, o deputado federal Domingos Neto (PSD), por exemplo, tem como base o município de Tauá, governado pela mãe, Patrícia Aguiar. Com "apenas" 43 mil eleitores, o deputado tem buscado o apoio de outras administrações para se eleger. Como reforço, Domingos tem viajado diversos municípios de aliados do partido.
Quinto deputado federal mais votado do Ceará em 2018, o pedetista Idilvan Alencar tenta dialogar com dezenas de municípios para equilibrar a balança. Um baixo percentual de votos em muitas prefeituras pode fazer a diferença na conta final. Sem base forte em prefeituras com musculatura eleitoral, o ex-secretário de educação chegou a admitir em entrevista ao Diário do Nordeste que não tem o apoio explícito de prefeitos.
Assim como Domingos e Idilvan, outros parlamentares eleitos buscam a mesma estratégia em busca do triunfo eleitoral. Informações obtidas através de dados públicos do TRE-CE apontam que 11 dos 22 deputados eleitos percorreram dezenas de cidades em busca de apoio. O mapa dos votos desses parlamentares foi completamente fragmentado em diversos municípios. São casos também de José Guimarães (PT), Danilo Forte (PSDB), Denis Bezerra (PSB), AJ Albuquerque (PP), André Figueiredo (PDT), Genecias Noronha (SD), Robério Monteiro (PDT), Moses Rodrigues (MDB) e Mauro Filho (PDT).
DISPUTA DO VOTO
O mapa do voto deixa claro como será a queda de braço entre lideranças políticas na corrida pela reeleição. Nas microrregiões em que as apostas são mais ousadas ao mesmo tempo a concorrência é mais acirrada. Os deputados federais Heitor Freire, Célio Studart e Luizianne Lins disputam o voto na região da Grande Fortaleza, incluindo Fortaleza, Caucaia e Maracanaú.
André Figueiredo, José Guimarães e Pedro Bezerra têm a região do Cariri como estratégica para ajudar na reeleição; Denis Bezerra, Domingos Neto e Genecias Noronha priorizam a região do Sertão dos Inhamuns. Os eleitores da microrregião de Itapipoca são concorridos pelos deputados Idilvan Alencar, José Guimarães e Robério Monteiro; Leônidas Cristino e Robério Monteiro peregrinam votos na região de Camocim e Acaraú; e os deputados AJ Albuquerque, Danilo Forte, Leônidas Cristino, Moses Rodrigues e Vaidon Oliveira irão disputar voto na microrregião de Sobral.
"NOVAS FIGURAS"
Nas movimentações de pré-campanha, "novos" nomes surgem como opções para a Câmara dos Deputados. Essas lideranças, inclusive, podem atrapalhar os planos de atuais deputados e dividir ainda mais os votos em regiões estratégicas. Uma dessas novidades é a pré-candidata a deputada federal Dayany Bittencourt (Republicanos), esposa do pré-candidato a governador, Capitão Wagner (Pros). Com os votos concentrados na Capital, Wagner tenta transferir o apoio para a esposa na corrida para o Legislativo.
VOTO IDEOLÓGICO
Filho de pastor, o pré-candidato a deputado federal, André Fernandes (PL), aparece como opção à Câmara no cenário dos votos ideológicos à direita, assim como o apoio religioso. Esse tipo de voto já não tem relação territorial, e sim puramente pela crença. São eleitores que devem se dividir entre nomes como André Fernandes, Dayany do Capitão, Mayra Pinheiro (PL), Jaziel Pereira (PL) e Ronaldo Martins (Republicanos).
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