O novo Enem busca se adequar a essa estrutura. Em vez de uma prova única, composta por 180 questões (dividias em dois dias de aplicação) múltipla escolha e uma redação, os conselheiros estão propondo um teste em duas etapas. A primeira seria obrigatória e comum a todos, avaliando principalmente as questões de linguagem, língua inglesa e leitura. A redação também ocorreria nessa fase. O objetivo dessa primeira parte é a “solução de problemas básicos que auxiliem a medir a capacidade de raciocínio e argumentação do estudante, saindo do foco conteudista que pauta o exame atualmente”, diz a ementa.
Já a segunda etapa seria dividida em quatro áreas de carreiras profissionais obedecendo a seguinte divisão:
Ciências, tecnologia, engenharia e matemática, que classificaria alunos para cursos de engenharia, química, matemática, física e computação, entre outros.
Ciências sociais aplicadas, que selecionaria para cursos de economia, administração, contabilidade, ciências sociais, direito e etc...
Humanidades, Linguagens e Artes, para cursos de filosofia, história, geografia, artes, letras, pedagogia, por exemplo.
Ciências biológicas e saúde que elegeriam os candidatos dos cursos de medicina, enfermagem, fisioterapia, biologia, meio ambiente e outros.
QUESTÕES DISSERTATIVAS
Outra novidade é a introdução de questões dissertativas – e não apenas de múltipla escolha, como atualmente. O modelo foi traçado após análise de exames classificatórios para universidades utilizados nos Estados Unidos, França, Alemanha, Reino Unido e China. Um painel com cinco especialistas em avaliação também foi ouvido. “Observou-se um certo consenso acerca da necessidade de incluir questões dissertativas no exame para avaliar uma formação com ênfase no desenvolvimento de competências como propõe a Base Nacional Comum Curricular”, diz o documento.
Uma das preocupações do Conselho é a correção da prova, dado o grande número de estudantes que se inscrevem a cada ano no Enem. Para diminuir custos e permitir a divulgação dos resultados em um curto período de tempo, a comissão propõe a utilização de Inteligência Artificial no processo de correção.
Os especialistas do Conselho também estão propondo que a Teoria de Resposta ao Item (TRI), metodologia que afere o desempenho do candidato segundo o grau de dificuldade de cada questão, seja aplicada de maneira dinâmica, enquanto a prova é realizada: “é apresentado um item a ele, a partir da resposta é feito o cálculo da proficiência, que elege o item seguinte. O estudante vai percorrendo os itens até que se chegue à proficiência”, propõe o texto.
A mudança poderia reduzir o número de questões do teste pela metade. No entanto, dependeria de dois fatores que hoje não ocorrem: a prova teria de ser digital para todos os inscritos e as perguntas não poderiam ser publicadas após serem aplicadas, o que depende de alteração da legislação atual. Atualmente, a escassez de itens é um dos principais problemas na formulação do Enem. A solução seria ampliar radicalmente o banco de questões, possibilitando a aplicação em mais de uma edição do exame.
Outra das principais novidades sugeridas pelo Conselho é a aplicação da prova em três ocasiões diferentes a cada ano, a exemplo do que ocorre com o SAT, um dos exames mais utilizados nos Estados Unidos. A medida faria a quantidade de candidatos por edição diminuísse e permitiria que os estudantes tivessem uma chance de ingressar na faculdade a cada quatro meses.
O modelo da prova, recomendam os especialistas, deve seguir o PISA, exame internacional aplicado nos países membros da OCDE, a organização que reúne as nações mais desenvolvidas do mundo, para medir a qualidade da educação.
O texto já foi aprovado na comissão especial e, agora, será encaminhado ao Ministério da Educação para homologação do ministro. A votação do plenário do CNE está prevista para janeiro. O órgão é apenas consultivo, ou seja, para o novo Enem se tornar realidade depende da anuência do ministro Milton Ribeiro.
Fonte: Revista Veja
Nenhum comentário:
Postar um comentário