sexta-feira, dezembro 18, 2020

O "TERCEIRO MANDATO" DE SÉRGIO RUFINO

Na última quarta, 16, houve a diplomação extraoficial do terceiro mandato do prefeito Sérgio Rufino (PCdoB). A partir de 1º de Janeiro, hipocrisias e formalidades a parte, Sérgio deixa de ser o gestor oficial do município e passa a ser o prefeito de facto, enquanto seu sobrinho, Robério, fará apenas o papel formal de gestor protocolar e sem força de decisão política. Os 58% de cidadãos ipuenses que escolheram a chapa Robério-Antonieta, indiscutivelmente, votaram numa terceira gestão do "65". Nada diferente disso há que se esperar no quadriênio 2021-2024, nem para o mais displicente ou o mais consciente dos munícipes.

Nesse primeiro momento pós eleição, há um esforço formal, sobretudo na imprensa, redes sociais e discursos em inaugurações de obras, por parte da atual gestão em caracterizar que está acontecendo a transição para "um novo mandato” a partir de 2021. Tudo isso para evitar possíveis questionamentos junto ao Poder Judiciário sobre a existência de um ilegal terceiro mandato de Sérgio Rufino. Nesse sentido, o ainda prefeito tem sido alertado da necessidade de fazer relativas mudanças no secretariado do seu sobrinho, fechando de vez a ideia que é uma “nova administração”. 

UM DRIBLE NA INELEGIBILIDADE REFLEXA

Uma vez reeleito em 2016, já havíamos aqui cravado – tanto nesse Blog como em nossas participações radiofônicas, que a ideia do projeto de poder de Sérgio Rufino e o seu pragmatismo político em só confiar em familiares em cargos estratégicos, apontavam para a indicação de um sobrinho (a).  

Por que um sobrinho? As leis eleitorais do nosso país impendem a indicação de irmãos, filhos, noras e genros como candidatos em um mesmo município de um gestor já reeleito. Porém, sobrinhos são considerados parentes em terceiro grau e por isso não causam a inelegibilidade que é refletida em parentes de primeiro e segundo graus. 

Houve até a ventilação para que Sérgio Rufino renunciasse seis meses antes da eleições desse ano, e seu irmão Zeca Rufino, presidente da Câmara Municipal, assumisse a prefeitura e se candidatasse a reeleição. Porém, isso causaria instabilidade jurídica no percurso da campanha eleitoral podendo gerar uma cassação de chapa, pois não há jurisprudência nesse tipo de situação prevista nas resoluções do STE (Superior Tribunal Eleitoral).

O SOBRINHO PERFEITO

Robério Rufino era, até então, uma figura desconhecida no mundo político local, sendo também um pequeno comerciante com formação educacional básica. Porém, por ser um sobrinho sem vaidades, humilde, bom pai de família e um membro familiar não envolvido em polêmicas no cotidiano da cidade, Sérgio Rufino viu nele o estratégico candidato o qual, uma vez eleito, seria o prefeito obediente e fiel e que não teria luz própria no exercício do cargo ao ponto de lhe causar incômodos futuros.  

Para evitar maiores descontentamentos dentro do seu grupo político, o gestor "escondeu seu candidato" até o momento final das convenções, esperando também o 100% de certeza que a oposição partiria  dividida e sem estrutura econômica.

RELAÇÃO COM O PÚBLICO

O prefeito eleito ainda não é muito hábil com as palavras em público, algo que a liturgia do cargo sempre irá lhe exigir em vários eventos sócias e políticos em que não estarão presentes apenas seus apoiadores políticos. Por enquanto, seus discursos são simplórios e de agradecimento por ter sido eleito e que vai continuar a gestão do seu tio. 

A agenda de um chefe de Poder Executivo vai lhe exigir muito e diferentemente do seu tio, Zeca Rufino, que nunca fez um discurso à frente do Poder Legislativo em oito anos no comando dele, Robério não poderá deixar de representar uma cidade com mais de 40.000 habitantes mediante o protagonismo de outros prefeitos da região. Provocações que exigiam respostas a sociedade e audiências no Ministério Público, são momentos muitas das vezes tensos e inevitáveis para qualquer prefeito. 

Robério Rufino deverá ser visto com frequência  na sede da prefeitura ao lado do seu outro tio, Tião Rufino, o sempre "chefe de gabinete", em meio a necessidade da assinatura de documentos e o cumprimento de agenda. Mas nem sempre, os seus tios, Sérgio e Tião, poderão estarem ao seu lado falando ou intervindo por ele em situações formais ou até mesmo adversas. Mas nada que o cotidiano não ensine.

Uma coisa é irrefutável, mesmo sendo por força do seu sobrenome: Robério Rufino  já escreveu seu nome nos anais da História de Ipu, chegando a um posto que muitos políticos ipuenses almejam e outros muitos se dedicaram e não conseguiram. E isso é um fato bastante significativo, o qual deve ele ser zeloso nos próximos quatro anos na construção da sua biografia como mais um dos Prefeito da Terra de Iracema.

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