terça-feira, junho 29, 2021

FIDELIDADE DE CAMILO SANTANA AOS FGs SERÁ O DEFINIDOR DO SEU FUTURO POLÍTICO

“Será uma decisão coletiva. Sempre coloco que o projeto não é pessoal, individual, é coletivo. Faço parte, com muita honra, de um projeto que tem sido construído ao longo dos anos no Estado e vamos avaliar se essa for a missão para contribuir no processo do Ceará”. Esta afirmação é do governador Camilo Santana (PT), publicada na edição desta segunda-feira (28) do jornal Valor Econômico, quando ele admitiu ficar no Governo até o fim do mandato, em dezembro de 2022, deixando, evidente, de concorrer ao Senado da República, como já admitiu estar no seu projeto político a curto prazo.

Camilo reafirma o seu compromisso com o projeto inaugurado no Ceará pelo ex-governador Cid Gomes (PDT) e seu irmão, o pretenso candidato à Presidência da República, Ciro Gomes. “Eu sou do PT, o Lula já tem sua popularidade natural aqui no Ceará, no Nordeste, no Brasil, mas vamos avaliar com a responsabilidade de pensar no futuro do meu Estado. Claro, [também] no futuro do Brasil. Mas sou governador, e tenho responsabilidade de garantir que esse projeto que está em curso tenha continuidade. A lealdade não é às pessoas. O que acredito é num projeto político”.

Até o momento, admitem alguns petistas, não há qualquer indicação no sentido de Lula pressionar Camilo a mudar seu projeto de concorrer ao Senado, rompendo com Ciro e Cid. Só o chamado “baixo clero” do PT cearense sonha e inabilmente, sem a inteligência e a necessária habilidade política para conquistar aliados, tem o discurso do divisionismo. O deputado federal José Airton, cuja reeleição é muito duvidosa, lidera o movimento para dissociar Camilo do PDT. Ele quer espaço e ter chance de ser chamado para uma conversa, onde, imagina ser contemplado com ajuda para renovar o seu mandato.

A possibilidade de Camilo concluir o mandato não parece fazer parte do projeto do grupo governista. Sacrificar-se para possibilitar uma aliança do PDT com o PSDB nacional, com o objetivo de ajudar a candidatura presidencial de Ciro, e permitindo um apoio ao senador Tasso Jereissati para reeleger-se, não é situação impossível, mas é remota. Os tucanos de São Paulo, a partir do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e do governador João Dória, fazem significativas restrições a Ciro, também, e principalmente, pelas ácidas críticas deste a ambos.

Não é amigo do governador quem defende a sua continuidade no Governo até o último dia de mandato. No exercício do cargo o governador pode até eleger o seu sucessor como fez Gonzaga Mota, em 1986, quando indicou o nome de Tasso Jereissati para sucedê-lo, ajudando-o a derrotar os “coronéis” (Virgílio Távora, Adauto Bezerra e César Cals), seus padrinhos na eleição de 1982. Mota, embora jovem, a partir de quatro anos depois de ter contribuído para a eleição do seu sucessor, conseguiu apenas dois mandatos de deputado federal, concorrendo por um partido adversário do seu sucessor. Estavam rompidos.

Camilo não deve ficar sem mandato a partir de 2023. Ele, indiscutivelmente, é um dos melhores quadros da política nacional. Poucos políticos nacionais têm a respeitabilidade do governador do Ceará. Portanto, ele não tem o direito de, até mesmo em nome do projeto de que tanto fala, privar os cearenses de tê-lo como um dos seus representantes. Também dissemos isso quando o ex-governador Lúcio Alcântara deixou de representar o povo cearense. Sua derrota foi uma grande perda para a política do Ceará, pois ele dignificou o Estado e seu povo tanto nas duas casas do Congresso Nacional, quanto no Executivo cearense como vice-governador e governador. Políticos assim dignificam o seu Estado.

Até os dois primeiros dias de abril do próximo ano, prazo final da desincompatibilização do governador, se decidir disputar um novo mandato, ainda muito haverá de se falar sobre o seu futuro, embora pouco se trate da importância dele, sem qualquer interregno, continuar com mandato eletivo.

Texto do Jornalista Edison Silva

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