No meio político de Brasília, a atitude de Ciro de “suspender” a candidatura foi vista como busca de “saída honrosa”. Como a candidatura patina, seria uma forma de o ex-governador do Ceará desistir sem passar o recibo de fracasso. Pode até ser, mas não me parece muito o estilo de Ciro, a começar pela autocrítica de considerar que a própria candidatura seria uma barca furada, que o projeto naufragou. Sair da disputa eleitoral agora torna improvável que ele emplaque no futuro uma nova candidatura presidencial sólida, por um partido relevante. Provavelmente é desistir do sonho de uma vida. Ciro arriscaria tanto para se contrapor à PEC dos Precatórios?
Ou a PEC ou a candidatura de Ciro
A sinalização dele foi de tudo ou nada. Se é um blefe, jogou com algo muito sério. A não ser que, de fato, Ciro queira um atalho para desistir da candidatura, ele fez uma aposta de alto risco. Se ele for bem-sucedido no movimento, a PEC não passa em segundo turno. O PDT deu 15 dos 312 votos. O mínimo necessário seriam 308. Só o PDT do Ceará deu quatro votos. Sem eles, a proposta do governo tem o mínimo de que precisa.
Porém, se Ciro não conseguir reverter a posição da bancada e ainda assim seguir candidato, será um tanto desmoralizante. Não se trata apenas do voto de um punhado de deputados. A liderança da bancada orientou a favor da PEC. Já Carlos Lupi, presidente do partido, age contra. O partido está uma bagunça. Depois do movimento de Ciro, o clima interno é um horror e não será fácil de cicatrizar as feridas. Ciro se colocou em um momentos cruciais de sua trajetória, definidor para seu futuro.
Votos do PDT Ceará foram do tamanho da maioria a favor da PEC
Dos cinco deputados do PDT no Ceará, quatro foram a favor da PEC dos Precatórios. Quatro dos 15 votos da bancada na Câmara. Para Ciro, a desmoralização começou em casa.
Só Idilvan Alencar votou contra. O presidente da sigla no Ceará, André Figueiredo, puxou os votos favoráveis, ao lado de Eduardo Bismarck, Robério Monteiro e Leônidas Cristino. Este último merece destaque. É cirista de longa data. Foi secretário de Ciro, ministro por indicação de Ciro, escolhido pelos irmãos Ferreira Gomes para suceder Cid Gomes na Prefeitura de Sobral.
Salvo manifestações pontuais, não foi assunto ao qual Ciro tenha se dedicado com ênfase nas últimas semanas. Não parecia algo capaz de fazê-lo desistir de ser candidato. No caso de Leônidas, dificilmente uma conversa não faria o deputado mudar o voto.
Fonte: O Povo
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