terça-feira, junho 17, 2014

PMDB X PROS/PT - SUCESSÃO CEARENSE MOVIMENTA BASTIDORES POLÍTICOS EM BRASÍLIA

Menos de uma semana depois de garantir o tempo de TV e o apoio do PMDB nacional para sua reeleição, a presidente Dilma Rousseff fechou ontem com o governador do Ceará, Cid Gomes (PROS), o apoio do PT a um dos cinco nomes de sua confiança que vai indicar como candidato para disputar o governo, esvaziando a pré-candidatura do líder peemedebista no Senado, Eunício de Oliveira. Fontes ligadas ao Planalto revelam que a decisão foi tomada depois que o diretório do Ceará, comandado por Eunício, foi contabilizado entre os que teriam dado votos contrários, levando a um resultado apertado na aprovação do apoio do partido a Dilma. “Ele não entregou o que prometeu”, dizem interlocutores de Dilma.

Eunício e o presidente da Fundação Ulysses Guimarães, deputado Eliseu Padilha (RS) negam, mas debitam ao Ceará parte da traição a Temer e a vitória apertada para apoiar a reeleição de Dilma.

- Ficou acertado que o PT vai apoiar o candidato de Cid. Só falta definir o nome. O PMDB de Eunício vai ficar só. Eu perguntei ao Berzoini taxativamente e ele me garantiu que o PT não arreda o pé e está fechadíssimo comigo na chapa para o Senado. Se arredar a loura disputa prévias na convenção do PT para bater chapa com o candidato do PROS - disse o ex-líder do PT, José Guimarães, negando que Cid tenha vindo pedir Dilma que retire seu nome da chapa para o Senado, alegando sua baixa performance nas pesquisas e problemas por causa do escândalo da cueca e ligação com o irmão mensaleiro José Genoíno.

Líder absoluto nas pesquisas de intenção de votos para o governo, Eunício Oliveira está agora articulando apoio com outros partidos da base, como o PR. E pode até ir para o palanque das oposições, com o PSB de Eduardo Campos ou PSDB de Aécio Neves. Ele já teria conversado com o presidente do PSDB no Ceará, Luis Pontes, para fechar uma chapa com Tasso Jeiressatti, para o Senado. Se ele garantir que o palanque será de Aécio, Tasso articula a retirada de apoio a Roberto Pessoa, lançado pelo PR, e já bem colocado nas pesquisas de intenção de votos no Estado.

- Isso que aconteceu e só foi oficializado depois da convenção que o PMDB deu o tempo de TV a Dilma, todo mundo já sabia. O que a gente previa está acontecendo, mas não vai segurar o desgaste de Dilma no Ceará, onde só nas últimas semanas ela perdeu 10 pontos. Eunício é um grande candidato e essa decisão do PT e PROS pode empurrá-lo para o palanque das oposições - diz o vice-líder do PMDB, deputado Danilo Forte (CE).

Aliados de Eunício revelam que os irmãos Ferreira Gomes estão “asfixiando” a candidatura de Eunício, implodindo negociações que ele começou a fazer com outros partidos, para neutralizar a aliança do PT com o PROS. Ele teria conversado com o presidente do PSD, Gilberto Kassab, mas dias depois Cid Gomes também o procurou pessoalmente e as negociações foram inviabilizadas. O mesmo ocorreu com o PRB. Outro possível aliado era o ex-presidente Lula, que teria se comprometido a não subir no palanque de seu adversário.

Uma versão de que Lula teria gravado para Eunício foi divulgada e deixou os Ferreira Gomes extremamente irritados. Com a cobrança, a gravação também foi desmentida. E mesmo que Lula tivesse feito a gravação para segurar Eunício, ela não poderia ser usada, por causa da coligação formal do PT com o PROS. Eunício também conta com o apoio informal do grupo da ex-prefeita Luiziane Lins (PT), que já disse que não apoia o candidato de Cid.

Até agora tem cinco nomes cotados, todos da extrema confiança de Cid: Isolda Cela - esposa do prefeito de Sobral Veveu Arruda -, Mauro Filho, José Albuquerque, Leônidas Cristino e Domingos Filho.

- Eunício diz que fez algum acordo com Lula. Mas ninguém sabe o que foi. Gravar ele não gravou - diz José Guimarães.

O presidente do PROS, Eurípedes Júnior, que participou do encontro de Cid com Dilma, afirmou que o objetivo da audiência foi convidar a presidente para a convenção nacional do partido, no próximo dia 24, em Brasília. Segundo ele, Cid definirá o candidato à sua sucessão no governo do Ceará dois dias antes e terá o apoio da presidente na eleição local.

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