sábado, outubro 29, 2016

"Juizeco" - O PERSONAGEM DA SEMANA

"Um juizeco”, atacou o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), ao se referir a Vallisney de Souza Oliveira, juiz da 10ª Vara Federal do Distrito Federal. Ele foi o responsável pela decisão que autorizou a Polícia Federal a entrar no Senado e prender quatro policiais legislativos acusados de atrapalhar investigações da Operação Lava Jato contra senadores. Além da declaração agressiva, o presidente do Senado questionou a decisão no Supremo Tribunal Federal e prometeu apresentar uma representação contra Vallisney no Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Disse ainda que colocaria na pauta do Congresso a discussão que pode pôr fim à aposentadoria compulsória de juízes. A Associação dos Juízes Federais, Ajufe, emitiu uma nota em defesa de Vallisney, na qual classificou o comportamento de Renan como “típico daqueles que pensam que se encontram acima da lei”. “Só leva à certeza que merece reforma a figura do foro privilegiado, assim como a rejeição completa do projeto de lei que trata do abuso de autoridade”, diz o texto. A presidente do Supremo Tribunal Federal, ministra Cármen Lúcia, também tomou as dores. “Onde um juiz for destratado, eu também sou”, disse. Tudo por causa de Vallisney.

Vallisney nada disse. Permaneceu quieto, recolhido na 10ª Vara Federal, onde trabalha. Ele nasceu em 1965 em Benjamin Constant, no Amazonas, cidade que fazia fronteira com o Peru. Essa condição mudou em 1981, quando o distrito de Tabatinga se tornou município autônomo e assumiu a fronteira com o país vizinho. Um benjamin-constantense é tido pelo amazonense como um povo que defende os costumes locais. Vallisney mantém o hábito simples de se reunir com o pessoal do gabinete, especialmente para jogar futebol. Vallisney é juiz há 24 anos. Antes disso foi promotor no Amazonas e procurador da República por um ano, no Espírito Santo. Assumiu um cargo em Brasília em 2006 e, desde então, passou nove anos num vai e vem entre a Justiça Federal e o Superior Tribunal de Justiça. 
Fonte: Época

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