sexta-feira, setembro 13, 2013

REFORMA NAS SECRETARIAS ESTADUAIS É FATO INÉDITO NA POLÍTICA CEARENSE

Uma canetada inédita na história política do Ceará inibiu e fragilizou as candidaturas de ocupantes de cargos da administração estadual. A caneta foi usada pelo Governador Cid Gomes (PSB) que, com o argumento de ajeitar a máquina e prepará-la para o último ano do seu Governo, antecipou a saída de possíveis candidatos a um mandato eletivo em 2014.

O gesto de Cid Gomes pode ser considerado único na história política do Ceará. Cid matou candidaturas que estavam sendo viabilizadas à sua sombra e com o uso da máquina administrativa. Uso de forma direta e indireta. Direta, porque os ocupantes de cargos de confiança construíram relações com bases políticas. Indireta, porque a visibilidade dada pelo cargo projeta quem o ocupa.

O afastamento dos secretários se deu com 10 meses de antecedência das convenções para homologar candidaturas às eleições de 2014. A desincompatibilização dos cargos poderia ser feita até o dia 31 de março – seis meses antes das eleições. Ou seja, ao tirar do primeiro escalão os candidatos às eleições parlamentares ou majoritárias com tanta antecedência, Cid deixa muitos sem fôlego. E diz mais: nem todos são os meus preferidos.

Com essa medida, Cid Gomes guarda uma boa reserva de colégios eleitorais para dividir entre os seus aliados de maior confiança. A canetada tem, ainda, uma boa repercussão na base parlamentar na Assembleia Legislativa. São frequentes as queixas de deputados que apoiam o Governo e perdem força em suas bases políticas porque o secretário pré-candidato apresentava condições e poder para solucionar um problema ou agilizar uma obra. A esses secretários, estava dado o crédito pelo atendimento da reivindicação do serviço ou da obra.

Há, também, outro aspecto com repercussão eleitoral: a reserva de colégios eleitorais permite a Cid Gomes ampliar o chamado arco de alianças, atraindo partidos que receberão, em troca, votos para os seus candidatos à Assembleia Legislativa e Câmara Federal. Os colégios que passam a ser uma espécie de reserva de mercado estavam sendo ocupados por secretários pré-candidatos.

A lista de secretários pré-candidatos era puxada por Ferrúcio Feitosa (Copa), Bismarck Maia (Turismo), Eduardo Diogo (Planejamento), Evandro Leitão (Ação Social) e Arruda Bastos (Saúde).

Com mandatos, estavam no secretariado quatro deputados estaduais – Mauro Filho (Fazenda), Gony Arruda (Esporte), Francisco Pinheiro (Cultura) e Camilo Santana (Cidades).

Dos quatro parlamentares, Mauro receberá a missão de reforçar a defesa do Governo na Assembleia Legislativa, onde a oposição ganha fôlego no volume de críticas à administração Cid Gomes.
Fonte: Jornal Grande Porto

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