A Banda de Música a princípio pertenceu à paróquia de Ipu, pois a mesma nasceu dentro da própria Igreja Católica servindo-a quando requisitada para animar os festejos especialmente durante as comemorações sacras e logo depois os festejos do Mártir Santo São Sebastião de Ipu ou em outras ocasiões, sendo requisitada pelo poder público para as inaugurações ou eventos cívicos. Em algumas ocasiões substituía os conjuntos ou bandas como acontece atualmente, pois se transformou numa tradição e gradualmente os jovens aderiram à arte, perpetuando a Banda de Música.
A partir deste momento a banda passa a ser uma manifestação cultural da cidade de Ipu que atravessou dois séculos, XIX e o XX e que ainda hoje sobrevive sendo como referência na musicalidade não apenas da região noroeste do Estado do Ceará como também em todo o seu território formando valores artísticos de destaque, pois prioriza a profissionalização musical dos integrantes da banda ao longo de sua história. É considerada a terceira Banda de Música mais antiga do Ceará, sendo a primeira a Banda de Música da Polícia Militar e a segunda a da cidade do Crato.
Consequentemente a integração da música, ou melhor, da Banda de Música de Ipu foi se incorporando tradição cultural, buscando como meta a formação profissional e social de seus integrantes, pois alguns músicos de destaque ingressaram em corporações militares principalmente a Banda da Polícia Militar do Ceará e outras do nordeste e que se tornou uma espécie de “ambição” positiva de algum componente da banda partir para este objetivo.
Atualmente a Banda de Música é um órgão vinculado à cultura pertencendo à Prefeitura Municipal de Ipu desde o ano de 1989 na segunda gestão do então prefeito Antônio Milton Pereira (Dr. Milton), onde os músicos recebiam um salario simbólico equivalente hoje a aproximadamente R$ 200,00 se compararmos com o salário vigente.
Durante doze anos (1998/2010) a Prefeitura de Ipu promoveu três concursos e um dos cargos era o de músico que fez com que esta classe a partir de 2009, começasse a receber uma salario referente ao piso nacional. Vários foram os regentes como Benedito Alves (primeiro regente), Raimundo da Silva Loureiro, Dr. Apolônio Perga Bandeira Barros, mestre Marçal, seu aluno Lázaro Freire (1978/1988), Jorge Nobre (1988/1990), Francisco Clementino(1990), estes dois últimos alunos do saudoso Lázaro Freire, novamente Lázaro Freire reassume em 1990, permanecendo até 2002 e novamente assumindo o maestro Jorge Nobre (2002/2004), a seguir Antônio Carvalho Leonardo (2015), atualmente maestro na cidade de viçosa do Ceará, logo depois sendo substituído por Diecks Araújo (2005/2008), e atualmente, estão a frente da Banda de Música Centenária Maestro Lázaro Freire de Ipu, efetivos através de concurso público, Jorge Nobre e tendo como maestro adjunto, Jairo Leitão.
Hoje a banda conta com trinta e três componentes com uma especialização especifica em instrumentos musicais perpetuando assim esta arte que nasceu a mais de um século e como outrora, ainda encanta aqueles que apreciam esta expressão dos sentimentos humanos tão magnifica que é a música e reconhecidamente como uma das melhores do Ceará e do Nordeste, participando efetivamente de festivais, encontro de bandas de músicas promovidas pelas cidades vizinhas e em algumas ocasiões convidada para apresentações no Instituto de Arte e Cultura Centro Dragão do Mar na cidade de Fortaleza.
Em 31/10/2019, a Assembleia Legislativa do Ceará aprovou um projeto de lei que reconheceu a Banda de Música Centenária Maestro Lázaro Freire como patrimônio cultural do estado do Ceará pelos seus serviços prestados a cultura ipuense bem como da região noroeste e ao estado do Ceará.
TEXTO DO IPUENSE JOÃO FREIRE - músico, professor e historiador.
Foto: Acervo da família Lira.
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