Manifestantes se reuniram neste domingo, 12, na Praça Portugal, em Fortaleza, para pedir o impeachment do presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido). Convocado pelo Movimento Brasil Livre (MBL) do Ceará e por partidos como PDT, PCdoB e PSB, o protesto teve baixa adesão de apoiadores. Ainda assim, os organizadores avaliam que o ato teve repercussão positiva ao reunir representantes de correntes ideológicas historicamente antagônicas em prol de uma pauta comum: o julgamento político do chefe da nação pelo Congresso Nacional.
Vestidos de branco, os participantes gritaram palavras de ordem contra o presidente e o acusaram de liderar tentativas de golpe contra a democracia: "Bolsonaro na cadeia. Fora Bolsonaro Golpista", diziam alguns deles. Também havia faixas e cartazes com os dizeres: “Nem Lula nem Bolsonaro”, em referência à polarização política protagonizada entre as duas principais lideranças da esquerda e da direita, respectivamente, apontadas como favoritas para as eleições de 2022.
Para o coordenador do MBL Ceará, Matheus Linard, o mote “Fora Bolsonaro”, que uniu grupos com ideologias distintas, "é a radiografia do que vai se avizinhar para o futuro”. Ele acredita que a maioria da população brasileira deve optar por um candidato da chamada terceira via no próximo pleito presidencial. Contudo, destaca que o movimento deste domingo teve objetivo exclusivo de pressionar pelo impeachment de Bolsonaro, deixando a conjuntura de 2022 em segundo plano.
Sobre o esvaziamento do ato, Linard justificou que “foi uma manifestação decidida de última hora” em que houve “pouco tempo para alinhar as bases”. Apesar disso, destacou que “o resultado é muito bem-vindo” para o objetivo central da mobilização. Os protestos também foram realizados em pelo menos outras 12 capitais brasileiras, com maior adesão na avenida Paulista, em São Paulo. A estimativa de público dos atos não foi divulgada pelo MBL.
Além da presença de militantes de partidos da esquerda e centro-esquerda, a manifestação realizada na Capital Cearense teve a participação de representantes da União da Juventude Socialista do Ceará (UJS) e da União Nacional dos Estudantes (UNE) em Fortaleza. Chamou a atenção as ausências do PT e Psol, que apesar de fazerem oposição ao governo Bolsonaro, não cederam às divergências históricas com o MBL. A sigla petista anunciou manifestação contra o presidente para o dia 2 de outubro.
Presente na manifestação deste domingo, o presidente da juventude do PDT em Fortaleza, Bruno Barbosa, defendeu que esse “é o momento de deixar as divergências em segundo plano”. Na visão dele, os partidos devem buscar consenso para fortalecer o movimento nas ruas pela destituição do presidente. “Independentemente de visões de mundo diferentes, o Fora Bolsonaro deve ser a nossa única pauta”, pontuou o dirigente.
Quatro dias antes da manifestação, a direção nacional do MBL havia emitido um comunicado convocando “todos os partidos, lideranças civis e agremiações” para participarem da mobilização. O movimento, contudo, pediu que os manifestantes respeitassem “a necessidade de deixarem suas pautas particulares e suas preferências eleitorais fora do ato para nos unirmos pelo impeachment”. A nova posição foi um revés em relação à orientação anterior, que havia sido caracterizada pelo slogan “Nem Lula nem Bolsonaro”, gesto que acabou afugentando setores da esquerda do protesto.
Com informações do repórter Carlos Mazza (O Povo)
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