sábado, novembro 08, 2014

DILMA, ARMOU UM LABIRINTO PARA ELA MESMA

O espaço de manobra da presidente reeleita é restrito. Para que seu novo mandato tenha sucesso, ela precisa, paradoxalmente, esquecer os dogmas de seu partido e suas próprias convicções econômicas e executar o projeto do adversário que derrotou nas urnas.
______________________________________________
Mateus, o evangelista, registrou em um tom que soa mais como ameaça do que mesmo conforto: “Pois todo o que pede recebe; o que busca encontra”. Dilma pediu votos e os recebeu e, agora de volta a sua sala no Palácio do Planalto, guardada por três imagens de Nossa Senhora Aparecida, encontrou o que buscou com tanta volúpia na campanha eleitoral: o segundo mandato. Antes mesmo que ele comece, porém, a presidente está sentindo os primeiros efeitos de pedir mal, como alertou outro apóstolo, Paulo. Dilma viu Aécio Neves, o candidato que ela derrotou, ser recebido em triunfo em Brasília, aclamado como líder, enquanto ela se isolou no Palácio, com a melancolia de quem não tem o que comemorar verdadeiramente por, talvez, não ter perguntado a si mesma antes, não “como” ganhar as eleições, mas “por quê” e “para quê”. Reeleita, ela ainda não tem as respostas, e, por isso, depois de abertas as urnas, a presidente parece fechada em um labirinto.

Seu espaço de manobra é restrito. De um lado, a economia colhe resultados ruins que, em grande parte, ela mesma plantou. De outro, os problemas políticos são maiores, com desconfianças insufladas em seu próprio partido, o PT, e ambições magnificadas entre os aliados. Para retomar o comando político, Dilma terá de ceder na economia, liberando as energias do mercado, cortando gastos, aliviando o peso do Estado sobre os ombros dos brasileiros. No fundo, ela tem de esquecer os dogmas de seu partido e suas próprias convicções econômicas e executar o projeto que ela derrotou nas urnas — o do seu adversário Aécio Neves. Na semana passada, a presidente, em entrevista aos principais jornais do país, acenou com a promessa de ajustes: “Vamos fazer o dever de casa. Vamos apertar o controle da inflação.” O Banco Central, logo depois da eleição, elevou a taxa básica de juros, a Selic, para 11,25% ao ano, justificando a decisão com a ameaça de que a alta nos preços superasse os limites da meta oficial. Até outro dia, a então candidata afirmava que eram os tucanos que “plantavam inflação para colher juros”. Na sexta-feira, a Petrobras reajustou o preço da gasolina e do óleo diesel, em outra medida impopular que, apesar de urgente, foi jogada convenientemente para depois das eleições.

Esses ajustes, que poderiam ser classificados de “estelionato eleitoral”, apesar de a presidente rejeitar tal classificação, eventualmente podem sinalizar um mea-culpa, o reconhecimento de que o quadro econômico não é na realidade tão favorável quanto aquele apresentado anteriormente. Dado o volume de desequilíbrios acumulados, entretanto, esses ajustes são ainda tímidos e insignificantes para restabelecer a confiança dos empresários e dos investidores, e sem essa confiança negócios deixam de ser feitos, projetos não saem do papel e a economia não cresce de maneira saudável e sustentável.
Com informações de Veja

Um comentário:

Anônimo disse...

Se Dilma continuar em sua trajetória anterior, ou levar a sério as besteiras ditas durante a campanha, o Brasil afunda de vez, Gil Castello Branco, da ONG Contas Abertas, escreveu em sua coluna de hoje no GLOBO um duro ataque ao método Pinóquio da presidente, inspirada também em Maquiavel. O economista diz que até Jesus Cristo seria “desconstruído” pela máquina de difamação montada por João Santana e aprovada por Dilma:
"No vale tudo das eleições brasileiras, se Jesus Cristo fosse candidato, o marqueteiro de Dilma, João Santana, demonstraria que o PT fez em mais de 12 anos o que o filho de Deus em 33. O maior milagre de JC foi multiplicar peixes e pães dando de comer a cinco mil fiéis na Galileia, enquanto o Bolsa Família atende a 56 milhões de pessoas! A frase “Vinde a mim as criancinhas…” seria apresentada com conotação de pedofilia. Pobre Jesus Cristo. Antes morrer na cruz.
Até que ponto o festival de notícias impopulares teria afetado a votação da presidente reeleita, caso tivesse acontecido antes de 26 de outubro, são outros quinhentos. Mas, convenhamos, se não é estelionato eleitoral, é muita cara de pau.
[...]
Como o personagem de Collodi faz parte de uma fábula e os narizes dos políticos não crescem, resta-nos sugerir nas próximas eleições a adoção do detector de mentiras. Caso contrário, Pinóquio vai acabar presidente…"