domingo, abril 13, 2014

Violência no Ceará - CID DIZ QUE É BEM INTENCIONADO

Cada passo do governador Cid Gomes (Pros) fora do Palácio da Abolição é escoltado por policiais militares e seguranças à paisana – prerrogativa comum aos chefes de Estado, garantida por lei. Vez ou outra, diz ele, a guarda é dispensada, e Cid se permite o papel de cidadão comum em Fortaleza. No último domingo, foi à praia: “Vi, em cinco ou seis pontos, a presença da polícia na rua”, destaca. O relato, feito ao O POVO durante entrevista exclusiva na terça-feira, foi parte de uma declaração na qual Cid defendeu a política de segurança pública de sua gestão. Apesar dos índices de criminalidade, ele diz que não levará frustrações quando deixar o cargo, daqui a oito meses. Transparece a sensação de dever cumprido – ou, pelo menos, se esforça para transparecer.
Já no fim da entrevista, ao ser indagado se teme carregar a pecha relacionada à violência, Cid pausou. Respirou fundo, mexeu nos objetos próximos ao sofá, e fez ponderações sobre o que pareceu ser uma preocupação natural de quem já se despede do cargo.  

OP - O senhor sai do Governo, então, com a consciência tranquila?
CG - Não tenho sentimento de frustração nenhum. Se tivesse largado o governo agora, sairia com a consciência tranquila.

OP - Mesmo com os resultados obtidos?
CG - Eu acompanho, não estou isolado do mundo, não. O governo tem 70% de aprovação.  

OP - Mas há uma queixa recorrente da população nessa questão da segurança.
CG - Sim, mas mesmo quem se queixa, qualquer pessoa de bom senso haverá de reconhecer o esforço que tem sido feito, salvo por uma questão politica. É indelicado se falar de outros lugares, mas uma vez eu estava em reunião com outros estados que vão ser sede da Copa do Mundo e ponderei: estou precisando de uma ajuda nessa coisa de droga, que, a meu juízo, é o grande responsável, pois 80% dos homicídios estão relacionados a ele. Todos os homicídios que envolvem pessoas que não estão no mundo do tráfico, como regra, são elucidados muito rapidamente. Não é deficiência total, não é falência total do sistema de segurança. O sistema consegue identificar e prender os autores desses crimes que não tem relação com o tráfico. Boa parte desses latrocínios, o padre (Elvis Marcelino de Lima, morto em julho de 2013 na Praia de Iracema), o universitário (Mardônio Freire, de 19 anos, assassinado durante tentativa de assalto no Bairro Henrique Jorge, em março de 2014)... Os crimes de grande repercussão são identificados autoria, ou você me diz diferente? 


OP - O problema é que não existem só crimes de grande repercussão...
CG - É isso que eu estou dizendo, nesses, se acaba identificando a autoria. Os outros têm a relação com drogas, que é uma coisa recente. Para esse tipo de crime, estou pedindo ajuda federal. Na inteligência, na identificação. Até porque isso chega aqui, não é (originalmente) daqui. Tem a ver com fronteiras, tem a ver com o papel da Polícia Federal. Eu tenho consciência de que fiz o que prometi. E vou continuar tentando. Não desisto. Vou continuar tentando até a última hora.

OP - O senhor está a apenas oito meses de encerrar seu governo. Que imagem acha que o cearense terá da sua gestão? Como acha que será lembrado no futuro?
CG - (Nessa hora, Cid dá uma pausa e respira fundo, com um sorriso desconcertado). Pergunta difícil... Primeiro, a de um governador bem intencionado. Eu acho que tem princípios, características, que são a base pra qualquer coisa: honestidade e boa intenção. Se eu for reconhecido como um governador honesto, sério e bem intencionado, estarei mais que satisfeito. Agora... (outra pausa). Eu sou engenheiro, e sempre me preocupei em deixar um legado físico aqui.

OP - O senhor teme que fique marcado pela pecha da violência?
CG - (Cid volta a pausar para formular a reposta). Veja bem... Se você fechou o leito de um hospital, você foi o responsável por fechar um leito hospitalar. Nessa área, eu dobrei. Vou deixar o Ceará com mais de duas vezes a quantidade de leitos públicos do que quando assumi. Se você fecha uma escola, você sai com essa omissão. Nessa área, o Ceará saiu do 11º lugar do Norte e Nordeste para o 1º lugar. Se você fecha empregos, você pega essa pecha. No meu governo, praticamente teremos dobrado a quantidade de cearenses trabalhando com carteira assinada. Agora, segurança... Não é uma questão que dependa unicamente de governo, como as outras são. O Estado não é o agente homicida. Tem um setor da sociedade doente.Tudo o que depende unicamente do governo esse governo meio que dobrou. É um governo que equivale a cinco anteriores, somados. Segurança... Bom, vou continuar tentando.
Fonte: O POVO



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